A autarquia cedeu um terreno, nas traseiras do Palacete Pombal, para que este seja usado como parque de estacionamento da cantora norte-americana.
Este sábado, o Expresso noticiou que a Câmara Municipal de Lisboa cedeu um terreno, nas traseiras do Palacete Pombal, para que Madonna pudesse usar como parque de estacionamento para os 15 carros do seu staff.
O semanário conta que a primeira opção tinha sido o espaço de estacionamento reservado do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), que fica perto do palacete onde a cantora norte-americana está a morar, um pedido que foi logo recusado pelo museu.
“Não sei como foi feito o pedido de Madonna à Câmara. Mas a chefe de gabinete de Fernando Medina veio cá, de urgência, depois de ter visto no Google Maps que tínhamos espaço. Veio fazer uma visita para ver as imediações”, conta ao jornal o diretor do MNAA, António Filipe Pimentel.
“Não temos espaço para 15 carros. Aliás, já temos dificuldades com as cargas e descargas do museu. Diríamos que não até a um pedido do Papa. Mas foi um pedido extravagante. E ainda fui eu que sugeri as traseiras do Palacete Pombal, que ainda por cima é um espaço da Câmara. Tive de ser eu a ir mostrar o espaço que fica ao fundo da rua do museu”.
Contactada pelo Expresso, fonte oficial da CML confirmou a existência de um “acordo para a cedência de espaço de estacionamento nas traseiras do Palácio Pombal”, comparando a artista a entidades como o Ministério da Cultura.
“O espaço agora cedido – apenas durante um período limitado enquanto decorrerem as obras nos prédios na Rua das Janelas Verdes – já foi disponibilizado a outras entidades, nomeadamente ao Ministério da Cultura até dezembro de 2017″.
“O objetivo deste acordo precário é evitar perturbações e transtornos no trânsito local, numa artéria estreita mas bastante movimentada, que a entrada e saída de veículos das obras certamente traria para a zona”, adiantou a mesma fonte.
Esta tarde, em declarações ao Expresso, fonte oficial do gabinete de Fernando Medina, que se compromete a mostrar esta segunda-feira o contrato, diz que está previsto o pagamento de uma renda de 720 euros por mês, renda essa que foi calculada tendo por base a tabela de preços municipal e que será cobrada ou no final do ano ou no final do contrato.
Partidos querem esclarecimentos
“Não podemos permitir que o Presidente da Câmara de Lisboa use o património a seu belprazer”, disse João Gonçalves Pereira, vereador do CDS, em declarações ao Expresso.
O centrista acrescentou que vai pedir esclarecimento por escrito, já esta segunda-feira, de forma a clarificar uma situação que deixou “Lisboa e o país estupefactos”.
“Vamos pedir esclarecimentos pois a justificação do Presidente da Câmara é frouxa, legal e politicamente”, adiantou ao jornal. “Queremos saber que tipo de acordo existe porque isto viola claramente o princípio da igualdade“, disse.
Também Ricardo Robles, parceiro bloquista do Executivo liderado por Fernando Medina, disse que “a confirmar-se a notícia, o BE pedirá esclarecimentos do motivo e em que moldes esta cedência foi feita”.
“O Presidente não pode ceder estacionamentos em Lisboa pois a cidade é dos lisboetas não é de Fernando Medina”, afirmou ainda o bloquista, que detém o pelouro da Educação e Direitos Sociais na autarquia.
“Quando um munícipe paga à cabeça por estacionar, quando a EMEL persegue os lisboetas… não se justifica que estes casos sejam decididos sem reunião de câmara e sem se dar cavaco a ninguém”, afirma, acrescentando que “o estacionamento em Lisboa é escasso e, por isso, deve ser regulado com responsabilidade”.
Ao mesmo jornal, a vereadora do PSD em Lisboa, Teresa Leal Coelho, também “pede explicações sobre este caso e gostaria de saber a razão para o presidente da Câmara ter autorizado tal excepção”.
A social-democrata também assumiu que “desconhecia a situação” e que o assunto nunca foi abordado pelos responsáveis camarários.
Fonte: ZAP