Tragédia da Ponte Hintze Ribeiro – 17 anos depois
Completaram-se dezassete anos após o fatídico dia 4 de Março de 2001. Aparentemente podia agora ser mais tranquilo falar, mas na minha opinião nunca o poderá ser. Para quem como eu viveu todo aquele drama, jamais conseguirei esquecer aquela época e a que lhe seguiu. Foram tempos de grande tensão, angústia e ansiedade.
O facto de naquele tempo ter desaparecido tanta gente e nunca ter sido possível resgatar trinta e seis corpos, dos 59 que pereceram na tragédia, vai, como um dia disse António Barreto, “faltar uma geração, feita pelos que se perderam, mas também pelos que perderam alguém”.
Avaliando o passado, tenho pena que até hoje não se tenha concluído uma reflexão sobre a tragédia que foi iniciada pelo então Presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil, o saudoso Coronel Alberto Pinto Henriques. Em termos do apoio do poder estatal, os sucessivos Governos que estiveram à frente dos destinos da Nação, após 4 de Março de 2001, cumpriram com o que ao interior do concelho de Castelo de Paiva dizia respeito, faltam no entanto as acessibilidades para chegar com facilidade ao A32 (nó de Canedo), somente 8,8 kms e o IC 35 (Entre-os-Rios até à A4, em Guilhufe, Penafiel), cerca de 14 kms e continuam haver promessas, promessas e mais promessas.
Nesta tragédia, que foi o acontecimento mais doloroso da sua história, os Paivenses conseguiram unir esforços e iniciar as tarefas de reconstrução. Hoje são de outra índole as nossas preocupações. Tal como no passado acredito nesta terra e nas suas gentes e estou com uma forte esperança que vamos novamente conseguir vencer.
A presença do Presidente da República, nas cerimónias do 4 de Março de 2016, foi sinónimo de que poderemos continuar acreditar que podem ser poucos, mas ainda existem políticos que são gente de confiança. Em 17 anos, foi a terceira vez o mais alto representante da Nação portuguesa, vamos continuar acreditar num futuro diferente para melhor.
Paulo Teixeira
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