“Perdi a minha sogra, o meu cunhado, um sobrinho e sete primos”, descreveu Manuel Santos, na cerimónia do 17º aniversário da queda da Ponte Hintze Ribeiro. A tragédia vitimou 59 pessoas, 53 das quais eram passageiros de um autocarro que voltava de uma excursão às amendoeiras em flor, em Foz Coâ.
O familiar das vítimas recorda o dia 4 de março de 2001 “com uma mágoa enorme”. “Ainda agora deitei flores à água e elas andaram tão devagarinho e eles foram tão depressa”, recordou.
Augusto Moreira, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios, responsável pelo assinalar do aniversário, revelou que a associação foi criada para ajudar os familiares das vítimas. “A nossa vida tinha de mudar, tínhamos de seguir outro rumo, tínhamos de criar o apoio social e psicológico que achávamos necessário, na altura, aos familiares”, contou ao Jornal A VERDADE.
Segundo o dirigente a cerimónia é uma forma de os lembrar “com saudade”. “Queremos mostrar que estamos cá vivos e resistentes e que a vida contínua”, explicou.
No que respeita a responsáveis pela tragédia, Augusto Moreira referiu que, apesar de a culpa ter morrido solteira, sente que este acidente foi uma “viragem na justiça portuguesa”. “Mais nenhuma ponte caiu, verificamos que efetivamente foram feitas obras noutras estruturas e estão a ser feitas constantemente. Pelo menos serviu de exemplo. Este país não pode esquecer isto porque formos o exemplo para as tragédias”, apontou.
O presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, presente na cerimónia, afirmou que Castelo de Paiva mudou. “É evidente que estamos a falar de 17 anos, é muito tempo. Mas é pouco tempo porque a memória daquilo que aconteceu contínua presente, sobretudo o respeito e a homenagem a todos aqueles que pereceram a este terrível acidente que marcará para sempre a história do nosso município”, indicou Gonçalo Rocha.
A necessidade de estradas em Castelo de Paiva continua a ser uma grande necessidade. A variante à EN222 e o IC35, que ligará Entre-os-Rios a Penafiel, são os principais investimentos apontados pelo autarca.
Gonçalo Rocha deixou a esperança de que essas ligações sejam feitas e que aconteçam “a curto prazo de forma a tornarmo-nos num concelho muito mais competitivo e mais atrativo. Com melhores condições de mobilidade”.
Apesar do tempo passar, a memória daqueles que perderam a vida naquele fatídico dia está presente em todos os familiares, amigos e conhecidos. Ninguém ficou, nem fica, indiferente a esta tragédia que fez este domingo 17 anos.
Fonte: Google News