O estudo realizado pelo departamento de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Instituto ABCD refletiu sobre a influência da música nas capacidades dos mais novos.
O estudo veio comprovar que o ensino de música tem efeito positivo no desempenho académico de crianças e adolescentes, além de melhorar suas habilidades de leitura. A pesquisa é a primeira no mundo a mensurar esse impacto.
Perante este estudo, o seu Jornal Digital Paivense foi entrevistar uma jovem cinfanense que estuda música há 14 anos para apurar as influências desse estudo na sua vida.
“Acho essencial para uma criança estar numa banda. São outras partilhas, outras experiências e aprendizagens que a música clássica não nos consegue dar”.
ENTREVISTA
Inês Barbosa é natural de Cinfães e enveredou pelo estudo em música na escola da Banda Marcial de Cinfães, com o maestro Benjamim Vieira. Depois, a sua ânsia pelo aumento do seu conhecimento musical levou-a até à Academia de Música de Castelo de Paiva, onde concluiu o oitavo grau (habilitação máxima permitida antes da licenciatura em música). Agora, a jovem de 21 anos encontra-se “a terminar o curso profissional na Academia de música de Costa Cabral”.
Jornal Paivense: Como decidiste enveredar pela flauta transversal? Como foi essa escolha?
Inês Barbosa: Quando era pequenina já ouvia as bandas do concelho, pois o meu irmão mais velho era clarinetista. E havia, na altura, uma flautista com uma postura muito direitinha que me chamava à atenção. Inicialmente, não me deixaram tocar flauta. Passei por requintado, lira e só mais tarde é que comecei a tocar flauta.
Continuas a tocar na banda? qual?
Estive dez anos na Banda de Cinfães, e nos últimos dois anos ingressei na banda de Baltar, Paredes.
Porquê fazer parte de uma banda de música?
Acho essencial para uma criança estar numa banda. São outras partilhas, outras experiências e aprendizagens que a música clássica não nos consegue dar. Por exemplo, com a banda desenvolvi muito rápido a minha leitura à primeira vista. Como se trabalham imensas obras de vários níveis, como por exemplo, a nível de formação musical uma criança que esteja na banda desenvolve imenso as suas capacidades de leitura.
Para além do mais, acabamos por criar elementos de ligação muito fortes com as pessoas da banda, e criámos assim um espírito de equipa e trabalho em conjunto, que considero crucial num músico.
As diferenças de idades com que se contacta numa banda são uma mais valia para a vida em sociedade?
Sim são. Os “velhotes” ou os “tios”, como nós apelidamos carinhosamente, trazem imensas experiências de vida e histórias para contar. Muitos deles não estudaram metade daquilo que nós hoje em dia estudamos. No entanto, o carinho que transportam, a amizade, e espírito de união e equipa, são as melhores lições que nos transmitem. Confesso que já aprendi imenso com eles, e sempre trabalhei com extrema humildade perante eles.
Por que palcos tens andado?
Bem, estes últimos anos têm sido incríveis. Tive oportunidade de estar várias vezes na Casa da Música, no Europarque, na Exponor, na Casa de Artes de Famalicão, entre outros. Confesso que a Casa da Música tem sido um ponto de referência. Nos últimos três anos, perdi a conta aos concertos que fiz lá. No entanto, a sensação que tenho de cada vez que lá vou é a mesma sensação que tive no primeiro dia que pisei a sala Guilhermina Suggia.
De todos eles, qual a experiência que mais gostaste?
É muito difícil colocar a situação nesses termos. Mas confesso que as duas experiências que mais me marcaram foi com a BSP, Banda Sinfónica Portuguesa, onde tive oportunidade de trabalhar com o maestro Johan Di Meij. Nessa experiência prendi que todos os grandes músicos têm as mesmas inseguranças que nós estudantes. Ensinaram-me imenso sobre como enfrentar o meu medo em palco.
Outra experiência da qual saí com o coração cheio, foi no passado dia 7 de janeiro, onde fui solista da Obra “Carmen” Bizet, projeto esse que queria fazer desde pequenina. Não cabia em mim, de tanta emoção.
Quais são os teus desejos futuros?
Continuar a aprender, pisar outros palcos, partilhar mais experiências, orgulhar-me de mim e ser feliz a fazer o que mais amo: música.
Quando “for grande” desejo espalhar a minha música e mostrar que ela é a maior união da humanidade e que será ela que trará a paz ao mundo!