O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, demitiu-se do cargo no âmbito da polémica com a nomeação do primo, Armindo dos Santos Alves, para adjunto no seu gabinete. Armindo dos Santos Alves também se demitiu.
Carlos Martins já apresentou o seu pedido de demissão ao Governo, que foi aceite pelo Ministro do Ambiente e pelo primeiro-ministro, conforme nota enviada à comunicação social.
O secretário de Estado do Ambiente que se encontra a representar o Governo na Costa Rica, refere, nessa nota, que se demite por entender que “o assunto pode prejudicar o Governo, o Partido Socialista e o senhor primeiro-ministro”.
“Ao longo destes anos, enquanto secretário de Estado do Ambiente, agi sempre por critérios de boa-fé e procurei dar o meu melhor para atingir os objectivos do Governo e do Ministério do Ambiente e da Transição Energética”, salienta ainda Carlos Martins.
Carlos Martins não resistiu, desta forma, à polémica da nomeação do primo para seu adjunto. Armindo dos Santos Alves foi nomeado para o cargo em 2016, e novamente reconduzido em 2018.
De acordo com o Observador, o primo de Secretário de Estado pediu a demissão nesta quarta-feira, 3 de Março, depois de a publicação ter questionado o Ministério do Ambiente sobre esta relação familiar.
“O adjunto Armindo Alves apresentou a sua demissão e o secretário de Estado aceitou-a”, confirmou o jornal Público junto do gabinete liderado pelo ministro do Ambiente, Matos Fernandes.
Segundo apurou o diário, Matos Fernandes desconhecia a relação familiar entre Carlos Martins e Armindo dos Santos Alves, que trabalhavam juntos já há dois anos.
O Ministério do Ambiente e da Transição Energética tinha afiançado, através de fonte oficial, que a situação estava “resolvida” com a demissão de Armindo dos Santos Alves, realçando que “o primeiro-ministro traçou uma linha vermelha em relação às nomeações de familiares por membros do Governo”.
Sobre a nomeação em si, o Ministério apontou que foi um acto de “boa fé, com base nas suas competências profissionais”.
Mas após pedidos de demissão do PSD e do CDS, Carlos Martins não teve outra opção senão abandonar o cargo de Secretário de Estado, tornando-se na primeira baixa no Governo de António Costa associada à polémica das relações familiares.
No passado sábado, António Costa traçou uma linha vermelha no que diz respeito às relações familiares no Governo, notando, em entrevista à TSF/Dinheiro Vivo, que só haveria “uma questão ética se alguém nomeasse um familiar seu“.
Marcelo recusou comentar o caso
“”Não sei de nada”, referiu o Presidente da República quando questionado sobre a demissão de Armindo dos Santos Alves. “Estive em várias tarefas, estão a dar-me uma informação, não sei de nada”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa no final da cerimónia de comemoração dos 50 anos da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, SA, que decorreu em Lisboa.
Apontando que ainda teria de se informar sobre o assunto, o Presidente da República afirmou que “talvez” nesta quinta-feira tenha “alguma coisa para dizer”.
Quanto ao excesso de relações familiares no Governo, Marcelo contornou o assunto. “Se eu não sei de nada, não especulo“, referiu. “Não vou agora pronunciar-me sobre uma questão que no fundo tem a ver com outra questão que não conheço”, acrescentou, após a insistência da comunicação social.
Sobre os pedidos de intervenção do Presidente da República nestes casos, Marcelo recordou a sua posição, frisando que actuará em “tudo o que depender” dele “em termos de poder”. “Quanto ao mais, não há mais nada a dizer agora“, reforçou o chefe de Estado.
Fonte: ZAP