A ministra da Saúde francesa, Agnes Buzyn, anunciou que as comparticipações de tratamentos homeopáticos vão terminar até 2021, por demonstrarem “eficácia científica suficiente para justificarem a comparticipação”.
A França vai deixar, até 2021, de comparticipar medicamentos homeopáticos, por “falta de eficácia”. “Decidi dar início ao processo para acabar com esta comparticipação”, afirmou a ministra da Saúde francesa, Agnes Buzyn, ao Le Parisien.
A decisão do governo francês surge depois de um oficial recentemente tornado público ter concluído que não há evidências de suficiente eficácia destes produtos farmacêuticos.
Até agora, os produtos homeopáticos eram reembolsados em França a 30%. A partir de 1 de janeiro do próximo ano, passarão a ter um reembolso de 15%, e em 2021 a taxa cairá para zero. Este período de transição permitirá “um tempo para a pedagogia”, para os pacientes e para “os industriais se organizarem”, explica a ministra da Saúde.
Os laboratórios pediram uma “moratória” sobre esta questão e um “debate parlamentar”, após a publicação em junho de um relatório científico da Alta Autoridade de Saúde (HAS). A agência, encarregada de avaliar estes medicamentos, concluiu que os produtos homeopáticos não tinham “demonstrado cientificamente uma eficácia suficiente para justificar um reembolso”.
De acordo com um estudo realizada em outubro de 2018 pela consultora francesa Ipsos, mais de metade dos franceses já usou produtos homeopáticos “várias vezes”.
Segundo a AFP, o ano passado a homeopatia representou 126,8 milhões de euros num total de cerca de 20 mil milhões de euros para o conjunto de medicamentos reembolsados, segundo a previdência social.
Na Europa, o estatuto da homeopatia varia significativamente. Na Alemanha é amplamente praticada e reembolsada, e está praticamente ausente no sistema público de saúde britânico, que em 2017 recomendou que os médicos deixassem de a prescrever.
Na Espanha é pouco praticada. O governo de Madrid, que se posicionou abertamente contra a prática, lançou o ano passado um plano para lutar contra as “pseudoterapias”.
Após o anúncio de Agnes Buzyn, o grupo francês Boiron, líder mundial em homeopatia, pediu para ser recebido com “urgência” pelo presidente Emmanuel Macron, garantindo que fará “todos os esforços para combater a decisão, contrária a uma prática muito popular”.
Os laboratórios afirmam que o fim do reembolso irá ameaçar 1.300 postos de trabalho.