João Conceição, ex-assessor de Manuel Pinho no governo de Sócrates, ganhou mais de 153 mil euros como diretor do BCP, entre setembro de 2008 e maio de 2009. Porém, o BCP não encontrou provas dos serviços prestados por Conceição.
Esta foi a conclusão de uma auditoria interna ordenada pelo atual presidente-executivo Miguel Maya. Nesse mesmo período, Conceição foi assessor de Pinho na área da energia e é agora arguido no caso EDP, por suspeitas de alegados favorecimentos à elétrica na legislação produzida pelo gabinete de Pinho para o setor energético.
De acordo com o Correio da Manhã, o BCP descobriu que Conceição não prestou serviços no banco depois de ter feito no início deste ano, a pedido de Miguel Maya, uma auditoria interna à contratação do ex-assessor de Pinho. “No período de vigência do contrato de trabalho celebrado entre o Banco e o Eng.º João Conceição (entre 15/09/2008 e 11/05/2009) não obtivemos evidências de quaisquer serviços prestados ao Banco por aquele ex-colaborador”, lê-se no documento do BCP.
Como diretor do BCP, Conceição tinha um salário mensal bruto de 10 mil euros e beneficiava de seguro de vida, seguro de saúde e carro. O mesmo documento do BCP revela que o banco pediu a Conceição, em 23 de janeiro deste ano, o reembolso dos mais de 153 mil euros, por “incumprimento da contraprestação laboral”.
Seis dias depois, Conceição respondeu, “refutando e repudiando o seu conteúdo e estranhando o facto de ‘só agora’ [10 anos depois] o Banco colocar esta questão, deixando também uma alusão ao argumento da prescrição”.
Conceição garante, de acordo com o CM, que prestou “as tarefas que me foram cometidas, nomeadamente por indicação do senhor Dr. Fernando Maia e, presumo, que com o conhecimento também de outros responsáveis.” Contactado pelo jornal, Conceição afirmou não ter esclarecimentos públicos adicionais”.
Quando foi ouvido na auditoria interna do BCP, Fernando Maia disse não se recordar do caso de Conceição. Num outro documento interno do BCP, no qual surge o nome de Fernando Maia, refere-se que os custos mensais com a contratação de Conceição devem ser imputados à EDP.
João Conceição já esteve envolvido noutras polémicas. Em fevereiro deste ano, soube-se que a consultora Boston Consulting Group (BCG) que pagou João Conceição, o assessor do ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, trabalhou para a EDP, em 2007 — o mesmo período em que João Conceição assessorou Pinho. A consultora ganhou centenas de milhares de euros em trabalhos para a EDP.
Além disso, João Conceição garantiu à comissão de inquérito às rendas da energia desconhecer quem pagava os seus servicos. Nem a consultora nem o Ministério tinham os documentos sobre a prestação do serviço.
João Conceicão foi contratado pelo banco – onde a EDP é das maiores acionistas – após ter enviado ao presidente da elétrica, António Mexia, um email com o currículo anexado e onde estipulava condicões salariais (valor anual de 140 mil euros). Foi entendido pela Justica como um pedido de cunha a António Mexia para o lugar no BCP.
Fonte: ZAP