O ex-deputado do PSD, António Silva Preto, conseguiu um ganho de meio milhão de euros em apenas um dia, com a venda de um terreno que comprou a um fundo do Grupo Espírito Santo (GES) por 1,5 milhões e que vendeu, algumas horas depois, por 2 milhões.
O negócio efectuado a 2 de Setembro de 2016 é divulgado pelo jornal Expresso que refere que está em causa o Lote 3 do Marconi Parque, na Venteira, na Amadora.
Através da sua empresa, a Barrocas & Preto, o ex-deputado, que se sentou na Assembleia da República entre 2002 e 2011, adquiriu o terreno por 1,5 milhões de euros a um fundo do GES, o Investfundo. Algumas horas depois, nesse mesmo dia, António Silva Preto revendeu a propriedade à empresa de inspecções automóveis Dekra por 2 milhões de euros.
O Expresso nota que o negócio “foi feito e escriturado num só dia“, mas o ex-deputado, que é advogado de formação, assegura ao semanário que houve “um processo negocial que levou mais tempo”.
A Pharol SGPS, que está a tentar recuperar, há vários anos, dinheiro da Rio Forte, empresa do universo do GES, fez queixa do negócio ao Banco de Portugal e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), lançando suspeitas sobre a actuação da gestora do Investfundo, a Gesfimo que é a sociedade de gestão de fundos de investimento imobiliário do GES.
O Expresso apurou que a Dekra tinha um interesse antigo no terreno e que em 2014, o Invesfundo pediu 2,4 milhões de euros por ele. Nessa altura, a Dekra recusou pagar aquele montante, considerando uma avaliação que situava o seu real valor nos 2,15 milhões de euros.
Em 2015, já depois do colapso do BES, António Silva Preto alega que houveu uma “alteração de circunstâncias” que acabou por beneficiar a sua empresa. A Dekra aceitou, então, os 2 milhões de euros pelo negócio porque não tinha “conhecimento do preço a que a Barrocas & Preto tinha comprado o mesmo”, explica o administrador da empresa, Sérgio Vitorino, ao Expresso.
“Eu apareci quando o negócio estava morto e encontrei uma oportunidade de negócio“, frisa no mesmo jornal o ex-deputado do PSD, assegurando que actuou “com toda a clareza” e que não usou “nenhum tapume”.
António Silva Preto também garante que o dinheiro o beneficia exclusivamente a si e que não houve partilha com terceiros. “O dinheiro está na minha conta. Quem quiser ir ver vê à vontade”, sublinha.
O Expresso sustenta, ainda, que este foi o maior negócio da Barrocas & Preto que fechou o exercício de 2017 com capitais próprios de 697 mil euros. Em 2016, a empresa teve 536 mil euros de lucro e em 2017, 1677 euros, segundo as contas da empresa consultadas pelo semanário.
António Preto esteve envolvido no chamado “caso da mala” que estalou em 2002, quando era deputado e presidente da distrital de Lisboa do PSD. Foi acusado de ter recebido 150 mil euros de dois empresários da construção civil, em envelopes e em malas, para pagar as quotas em atraso e despesas da campanha eleitoral que levou à sua escolha como líder da distrital.
O ex-líder social-democrata acabou por ser absolvido de todas as acusações em tribunal.
Fonte: ZAP