Marcos Santos / USP Imagens
O Instituto de Avaliação Educativa, responsável pela elaboração e correção dos exames nacionais, deu indicações ao professores para corrigirem as provas de Matemática A de forma diferente do que estava prevista nos critérios.
Segundo o jornal Público, que avança notícia, o IAVE terá decidido alterar os critérios de correção a 3 perguntas do exame , de forma a que sejam validadas respostas que contrariam o que estava expressamente indicado na prova.
Os professores que estão a corrigir os exames de Matemática A receberam nesta quinta-feira um “esclarecimento” do IAVE relativamente à classificação de 3 itens, todos eles de escolha múltipla. Nestas questões, eram feitas perguntas em alternativa: uma era dirigida aos alunos que estudaram pelo programa que esteve em vigor até 2015 e a outra era direcionada para os estudantes que já seguiram o novo programa.
Os 3 itens de avaliação valem 24 pontos em 200 na cotação total da prova. As perguntas em causa – do bloco 1, 8 e 10 do exame – indicavam expressamente quais os exercícios que deviam ser respondidos pelos alunos do programa antigo ou pelo programa atualmente em vigor.
Por exemplo, no bloco 1, no 1º caderno, eram dadas indicações expressas para que o item 1.1. fosse respondido pelos alunos do programa antigo e o item 1.2 pelos alunos do programa novo. O mesmo acontecia nos outros blocos de questões.
Nos blocos era dada a informação sobre a que programa respeita cada item, com a seguinte formulação: “Os dois itens que se apresentam a seguir são itens em alternativa. Responda apenas a um dos dois itens. Na sua folha de respostas identifique claramente o item selecionado.”
No entanto, e de acordo com esclarecimento do IAVE a que o Público teve acesso, o instituto de avaliação dá instruções opostas ao que estava expresso na prova e também nas informações que publicou antes da realização do exame.
Na nota, o IAVE estipula agora que se o aluno, ao contrário do que era pedido no exame, tiver acabado por responder aos dois itens e uma das respostas estiver correta, “esta deve ser considerada” para efeitos de cotação.
Indica ainda que se o aluno não tiver identificado o item pelo qual opto – ou seja, se tiver apenas indicado 1 em vez de 1.1. ou 1.2 – a resposta do aluno deve ser também cotada.
Professores contactos pelo Público frisam que esta alteração dos critérios de correção, o coloca em “desvantagem os alunos que cumpriram as instruções e apenas responderam a uma das opções”, porque se tiverem errado na sua escolha única não lhes é atribuída cotação”
O presidente do IAVE, Helder de Sousa, confirmou, em declarações ao Diário de Notícias, o envio do esclarecimento relativo aos critérios de correção da prova. No entanto garantiu que não se trata de uma alteração destes critérios e sim “instruções de realização dos mesmos”.
“Nos critérios de correção nada é referido sobre a situação em apreço, logo a instrução dada não pode vir alterar algo que não existe”, defendeu, acrescentando que nesta sexta-feira “a questão vai merecer explicação mais desenvolvida e técnica”.
A alteração dos critérios de correção depois da prova ter sido realizada já motivou muitas reações negativas de pais em alunos. Já na terça-feira, a Sociedade Portuguesa de Matemática arrasou a prova de Matemática A, considerando que o exame foi “inadequado” e colocava em causa a igualdade de acesso ao Ensino Superior.
Fonte: ZAP