Miguel A. Lopes / Lusa
A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem
Não passa pela cabeça de Eduardo Paz Ferreira, marido da Ministra da Justiça e conceituado jurista e advogado, recusar contratos com o Estado só pelo facto de estar casado com Francisca Van Dunem. Declarações do professor catedrático que já ganhou 587 mil euros a trabalhar para o Governo.
“A circunstância de a minha mulher, que nem sequer era minha mulher há 25 anos, quando eu me doutorei, ser ministra não me pode obrigar a fechar o escritório“, salienta Paz Ferreira em declarações ao jornal Expresso.
O professor catedrático, que tem o doutoramento em Finanças Públicas mais antigo do país, foi escolhido pelo ministério da Administração Interna, liderado por Eduardo Cabrita, para representar o Governo no processo de contestação ao Tribunal de Contas (TC), pela decisão de impedir o Executivo de investir na rede de comunicações de emergência SIRESP.
Paz Ferreira ganhou 30 mil euros com este caso, onde o recurso do Governo foi rejeitado, mantendo-se a posição do TC.
O jurista foi ainda contratado pelo ministério do Mar, liderado por Ana Paula Vitorino que é casada com Eduardo Cabrita, para presidir à comissão que vai renegociar a concessão do terminal de Sines que foi atribuída à empresa de Singapura PSA.
Paz Ferreira já ganhou 587 mil euros em contratos públicos celebrados durante o actual Governo. Com o anterior Executivo PSD/CDS-PP o jurista tinha ganho 528 mil euros, segundo os números avançados pelo Expresso.
O professor catedrático recorre à sua vasta experiência e ao currículo reconhecido para justificar estes contratos, afiançando que nunca pensou em deixar de aceitar trabalhar com o Governo pelo simples facto de a mulher ser ministra da Justiça.
“Se acharem que eu sou a pessoa certa, nunca me ocorreria recusar pela circunstância de a minha mulher ser ministra”, refere, notando que “nunca aceitaria” trabalhar com o Ministério da Justiça, nem com nenhum organismo que esteja na tutela deste.
Mas “nenhum cidadão pode ser privado de exercer licitamente a sua profissão pela circunstância de estar casado com um titular de cargo político”, conclui Paz Ferreira.
Em Angola, a ministra da Justiça reagiu à polémica, considerando que a inclusão do marido na polémica das ligações familiares no Governo “é um engano”. “Esta história de nepotismo é melhor ficar por aqui, porque é uma história absurda e infamante“, referiu Francisca Van Dunem que está de visita ao país africano.
Fonte: ZAP