Genealogistas criaram a maior árvore genealógica do mundo, com ligações entre mais de 13 milhões de pessoas. Baseando-se nos milhões de perfis da rede social Geni.com, fizeram descobertas interessantes sobre os comportamento sociais dos últimos 500 anos.
O Geni.com, site de genealogia lançado em 2007, permite a genealogistas amadores criar perfis individuais, ligados por casamento ou nascimento. Estes dados foram analisados e organizados por um grupo de cientistas norte-americanos, com uma teoria de gráficos matemáticos, que permitiu apurar dados da “árvore genealógica” até à 11.ª geração.
A análise efectuada foi agora publicada num artigo na Science, depois de esmiuçados milhões de perfis do Geni.com, permitindo, nomeadamente verificar como é que as migrações humanas e as escolhas de casamento mudaram nos últimos 500 anos.
“Através do árduo trabalho de muitos genealogistas curiosos quanto à história da sua família, fizemos crowdsourcing de uma enorme árvore de família e boom, apareceu algo único”, explica ao EurekAlert o cientista de computação Yaniv Erlich, da Universidade de Columbia, nos EUA.
Erlich, que é director da empresa de ADN e genealogia MyHeritage, proprietária do Geni.com, foi um dos investigadores envolvidos na pesquisa que comparou os perfis do site com 80 mil certificados de óbito públicos, em jornais e em arquivos de Igrejas, datados de entre 1985 e 2010.
Essa comparação revelou muitas semelhanças socio-demográficas, levando os investigadores a concluir que a “árvore de família do mundo” representa de forma bastante fidedigna a população dos EUA.
Os investigadores puderam assim apurar que, com o evoluir do tempo, as pessoas passaram a percorrer maiores distâncias para encontrar um parceiro para casar.
Antes de 1750, a maioria das pessoas dos EUA casava com alguém que vivia a uma distância de cerca de 10 quilómetros do seu local de nascimento. Já em 1950, essa distância subiu para 100 quilómetros. “Tornou-se mais difícil encontrar o amor da sua vida”, diz Erlich, citado pelo LiveScience.
Actualmente, no que diz respeito à consaguinidade nos casamentos, o mais comum é haver casamentos entre primos em sétimo grau, o que já é uma considerável distância familiar.
Os investigadores entendem que “as mudanças nos transportes do Século XIX não foram a primeira causa para a descida na consanguinidade”, mas que esta foi antes motivada por “factores culturais em mudança”.
“Tornou-se simplesmente menos aceitável socialmente“, explica a investigadora Joanna Kaplanis, do Instituto Wellcome Trust Sanger em Cambridge, no Reino Unido, em declarações à New Scientist.
Outro dado que a análise da árvore genealógica do mundo nos revela é que, nos últimos 300 anos, as mulheres da América do Norte e da Europa migraram tendencialmente mais do que os homens. Mas quando os homens emigraram, viajaram para muito mais longe, em média, do que as mulheres.
Os investigadores também analisaram o modo como os genes influenciam a longevidade, comparando dados de 3 milhões de parentes nascidos entre 1600 e 1910, que viveram até depois dos 30 anos.
Desta forma, compararam a média de vida de cada pessoa relativamente aos seus parentes, bem como o grau de separação entre elas, e concluíram que os genes contribuíram para 16% da variação de longevidade.
A árvore está disponível para consulta em FamiLinx.org, com os dados em formato anónimo. Mas quem quiser pode pesquisar o seu nome no site Geni.com para tentar perceber se foi adicionado à árvore por algum familiar, mais próximo ou distante.