O FMI apresentou novas previsões para as grandes economias mundiais, melhorando as estimativas que tinha feito em Junho, com uma única excepção: Espanha. O país vizinho vai sofrer uma “queda gigantesca” do PIB e é uma das economias mais afectadas pela crise provocada pela covid-19.
O PIB de Espanha vai cair 12,8% em 2020, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) reveladas no relatório “Perspectiva da Economia Mundial”.
Neste documento, o FMI melhorou as suas previsões para as grandes economias desenvolvidas, projectando “uma recessão algo menos dura” do que a previsão de Junho.
A justificação para esta alteração são “os resultados dos PIB do segundo trimestre nas grandes economias avançadas, que não foram tão negativos como se tinha projectado”, bem como “o regresso da China ao crescimento que foi mais forte do que o esperado” e “os sinais de uma recuperação mais rápida no terceiro trimestre”, como aponta o próprio FMI.
“No mundo industrializado, apenas um país não melhora“, precisamente Espanha, como atesta o jornal El Mundo, reparando para os dados do FMI que indicam uma queda no PIB de 12,8% em 2020, no país vizinho. Trata-se do número mais negativo das 17 grandes economias analisadas pelo Fundo.
Espanha deverá acabar 2021 com um PIB 6% inferior ao que tinha em 2019. O valor situa-se nos 7,2%, o que constitui a revisão “mais em alta das grandes economias examinadas”.
“Mas a queda de 2020 é tão gigantesca que a recuperação de 2021 não a compensa, nem de longe”, como analisa o El Mundo.
A queda do PIB de Espanha para este ano seria “o equivalente praticamente a apagar todo o sector de turismo de uma só vez”, aponta ainda o jornal espanhol, enquanto o El País fala de “um panorama desolador”.
“Pior aluno” do que Espanha só o Peru, um país de economia intermédia, que apresentará uma queda de 13,9%, enquanto Líbano e Venezuela, países que já tinham graves dificuldades económicas e sociais, terão quedas de 25%.
As causas para “o desastre económico” espanhol são a “debilidade do tecido empresarial e a dependência do turismo”, constata ainda o El Mundo, apontando que até 40% do emprego das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) de restauração e de alojamento está em perigo.
Europa vai sofrer mais e China é único país a crescer
Entre as grandes economias analisadas pelo FMI, apenas a China deverá crescer este ano, mas numa percentagem de 1,9%, o que é um recorde negativo para o país.
A Índia que em Abril, se previa que devia crescer 1.9% neste ano, deverá ter uma queda de 10,3%.
Nos EUA, a queda do PIB será de 4,3%, no Japão de 5,3% e no Canadá de 7,1%.
O FMI prevê que a Europa deverá sofrer mais com a crise económica provocada pela pandemia, com a queda do PIB na Zona Euro a situar-se nos 8,3% em 2020, enquanto em 2021, será de 5,2%.
Itália deverá ter o segundo pior desempenho da Zona Euro com uma queda de 10,6% em 2020, ficando nos 5,2% em 2021.
Em Portugal, a queda será de 10% em 2020 e de 6,5% em 2021.
Já os PIB de Grã-Bretanha e de França terão uma queda de 9,8% cada neste ano, com os franceses a recuperarem para os 6% em 2021.
A Grécia terá uma descida de 9,5%, reduzindo para 4,1% em 2021, enquanto a Alemanha terá uma descida de 6% recuperando para 4,2% em 2021.
Na Irlanda, a queda do PIB será de apenas 3% em 2020, com o cenário a agravar-se para os 4,9% em 2021.
Crise “difícil, longa, desigual e incerta”
Também os números do desemprego são pouco animadores na Zona Euro, com a Grécia a liderar o pelotão da crise com 19,9% de desemprego em 2020 e 18,3% em 2021.
Em Espanha, o desemprego vai subir para 16,8% em 2020, o que representa um em cada seis trabalhadores, conforme destaca o El Mundo. O número não se vai alterar em 2021.
Em Itália, a taxa de desemprego será de 11% em 2020 e de 11,8% em 2021, enquanto em França será de 8,9% e de 10,2%.
Já em Portugal, o desemprego vai subir para 8,1% em 2020 e situar-se-á nos 7,7% em 2021.
Ainda de acordo com os dados do FMI, o coronavírus atirou 90 milhões de pessoas para a “pobreza extrema”.
“Esta crise deve ser vista como uma depressão económica, a dúvida é quanto durará“, avisa o presidente do Banco Mundial, David Malpass, em declarações ao El País.
Já a directora do FMI, Kristalina Georgieva, alerta que será “uma escalada difícil longa, desigual e incerta” e “propensa a contratempos”.
Fonte: ZAP