O Sindicato de Todos os Professores denunciou que existem alunos a quem foram atribuídas notas automaticamente. Em algumas disciplinas, foram utilizadas as mesmas notas que tiveram no 2.º período, de modo a “despachar” o lançamento das pautas.
“Temos conhecimento de pelo menos cinco casos, mas podem ser mais. É uma situação gravíssima que desrespeita o trabalho dos alunos durante o 3.º período e que pode prejudicar muitos deles”, disse o dirigente sindical, André Pestana, em declarações ao jornal Público.
Recorrendo à sua experiência como professor, Pestana lembra que muitos alunos, especialmente os que se encontram em situação periclitante, conseguem recuperar no último período de aulas. No entanto, com esta “replicação” de notas do 2.º período, muitos destes alunos terão agora a mesma negativa por ter sido ignorada a sua evolução, alerta.
Segundo o dirigente sindical, esta situação aconteceu em conselhos de turma nos quais, devido à greve às avaliações, estiveram ausentes professores a quem também não foi pedida informação sobre os seus alunos.
“São pautas fraudulentas e também por causa disso vamos levar a tribunal o Ministério da Educação e alguns diretores”, acrescentou em declarações ao matutino.
Na semana passada, o Ministério da Educação lançou uma diretiva na qual dava instruções às escolas para que as avaliações finais estivessem concluídas, impreterivelmente, até esta quinta-feira.
A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas garantiu que os professores cumpriram o prazo dado pela tutela, as André Pestana aponta uma fraude.
“Isto é muito grave. Milhares de alunos não estão a ter uma avaliação digna, milhares de alunos estão a ter uma avaliação fraudulenta”, sustentou em declarações à TSF.
Sindicato vai processar a tutela
O Sindicato de Todos os Professores identificou cerca de dez casos em que notas do segundo período foram usadas na pauta final, anunciando que vai avançar com processo contra a tutela e diretores de escolas, face a “avaliação fraudulenta”.
A organização sindical vai acionar um processo conjunto contra o Ministério da Educação e alguns diretores de escolas “que, claramente, revelaram um total desrespeito pelo direito à greve, pelo direito às férias e agora um total desrespeito por uma avaliação séria e não fraudulenta dos alunos deste país”, disse André Pestana, que falava aos jornalistas em Coimbra.
Já foram identificados cerca de dez casos em que notas do segundo período foram usadas na pauta de avaliação final dos alunos, afirmou André Pestana, referindo que as situações identificadas se reportam a escolas da grande Lisboa e da Beira Interior.
No entanto, o dirigente tem a expectativa de que haja mais casos, apelando a que os professores denunciem essas situações, apesar de um “clima de intimidação” nas escolas, com os docentes com “medo de represálias”.
“Temos situações em que são os diretores das escolas a fazer e noutros casos houve também uma coação fortíssima e intimidação fortíssima das direções escolares a diretores de turma que, muitas vezes, deixaram na ata que não concordam com a situação”, para além de casos em que as pautas são lançadas “sem estarem assinadas pelo diretor de turma e secretário”, referiu o dirigente do STOP.
Para André Pestana, “isto é o vale tudo”. Face a uma situação que diz que é “uma avaliação fraudulenta”, o dirigente do STOP defende também que “os pais devem impugnar e reclamar porque os seus educandos estão a ser prejudicados com esta tutela”.
Os professores estão desde início de junho em greve às avaliações finais dos alunos para reivindicar a contagem integral do tempo de serviço congelado para efeitos de progressão na carreira.
Os professores iniciaram no início de junho uma greve às reuniões de avaliação, que se mantém por decisão do recém-criado Sindicato de Todos os Professores, uma vez que as restantes estruturas sindicais terminaram o protesto a 13 de julho.
Na passada semana o ME adiantou que na altura havia 7% de alunos, correspondentes a cerca de 80 mil estudantes do ensino básico e secundário, sem notas atribuídas.
Fonte: ZAP