A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) selou na terça-feira as instalações onde três Kamov estavam a ser reparados, no aeródromo de Ponde de Sor, distrito de Portalegre, justificando a decisão com a movimentação de material sem ter sido identificado e sem autorização por parte da Heliavionics.
“O hangar da ANPC, sito em Ponte de Sor, onde se encontra localizada a frota de helicópteros Kamov, propriedade do Estado português, foi na terça-feira interditado pela ANPC em virtude de se ter constatado a movimentação de material da mencionada frota, por parte da Heliavionics (subcontratada da Everjets), sem ter sido efetuada a identificação do referido material, nem ter sido solicitada a necessária autorização, tendo tal facto sido logo comunicado à Everjets”, explica a ANPC em comunicado divulgado na quarta-feira.
Também em comunicado, a Heliavionicslab refere que sempre evitou fazer comunicações públicas sobre os diversos acontecimentos relativos aos contratos de aeronavegabilidade e de manutenção destas aeronaves “em respeito das melhores relações institucionais com o Estado português” e com a Everjets.
“No entanto, o que é demais basta, e a Heliavionicslab vê-se obrigada a efetuar o presente comunicado perante as infames insinuações perpetradas pela ANPC sobre um eventual desvio de peças das aeronaves Kamov que teria conduzido à selagem do hangar de Ponte de Sor. Mais surpreendente se torna ainda que a ANPC tenha emitido um comunicado no qual é afirmado que a ANPC selou tal hangar e se encontra a aguardar esclarecimentos”, pode ler-se na nota.
A Heliavionics diz que já prestou os esclarecimentos à Everjets, tendo informado “que não se encontrava a efetuar qualquer desvio de peças ou componentes das aeronaves Kamov, limitando-se a transportar peças que se encontram a ser objeto de ações de manutenção para o seu laboratório aeronáutico, a menos de 300 metros do hangar da ANPC”, ambos dentro do perímetro do aeródromo de Ponte de Sor.
“Aliás, como sempre efetuou desde o início da execução do contrato de manutenção desde há mais de dois anos”, conta a empresa.
A Heliavionics afirma desconhecer “qual a atuação que a ANPC lhe imputa que tenha sido diferente do que sucede desde o início da execução do contrato de manutenção que levou à restrição de acesso, por esta entidade, ao hangar da ANPC” em Ponte de Sor.
“A Heliavionics encontra-se assim impedida de prosseguir as ações de manutenção que se encontrava a efetuar, tendo a presente atuação da ANPC provocado graves prejuízos à Heliavionics, designadamente, à sua imagem e bom nome”, salienta a nota.
A empresa de manutenção frisa que na terça-feira, “não só foram expulsos de forma infundada os funcionários e representantes da Heliavionics, como foram expulsos do mesmo modo os técnicos do fabricante das aeronaves Kamov que se deslocaram da Rússia a Portugal para efetuar a avaliação técnica das ações de manutenção”, deixando uma pergunta.
“Quanto a estes técnicos, pergunta-se: porque a ANPC expulsou do hangar os representantes do próprio fabricante das aeronaves?”, questiona a Heliavionics.
A Heliavionics, que diz ser a única sociedade em Portugal certificada para efetuar ações de manutenção em aeronaves Kamov, “encontra-se atualmente a avaliar os prejuízos e as consequências que advêm da atuação da ANPC resultantes do impedimento de acesso ao hangar onde se encontram as aeronaves Kamov e consequente expulsão do mesmo das equipas de técnicos destacados pelo fabricante da Rússia para Portugal, bem como das graves e reiteradas insinuações que a ANPC efetuou sobre pretensos movimentos não autorizados de peças de Kamov.
Já esta quinta-feira, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse que foi “na defesa do interesse público e nacional” que a Proteção Civil encerrou as instalações onde os helicópteros Kamov estavam a ser reparados, em Ponte de Sor, distrito de Portalegre.
Lusa
Fonte: SIC