Existem dois setores que aproveitam as facilidades oferecidas pelo mundo em que vivemos. O entretenimento e a educação aproveitam-se das facilidades e benefícios das ferramentas digitais para alcançar o seu público-alvo. No entanto, existe um grupo de utilizadores que navega na fronteira entre o estudo e a diversão.
Esse conjunto é composto por jovens e adultos que dividem as horas de lazer online com estudo. Porém, não sobre temas comuns, como matemática ou geografia, e sim sobre os jogos eletrónicos que praticam. Isso mesmo, existem “estudantes” dedicados em jogar melhor e, que para isso, tiram partido das ferramentas digitais disponíveis.
O mundo dos jogos eletrónicos avançou de tal forma, que diversos títulos ganharam contornos profissionais. Surgiram grandes competições, jogadores profissionais que dedicam horas a uma profissão, bem como técnicos de gamimg e transmissões via streaming com milhares de espetadores.
É justamente essa expansão que criou nos praticantes mais fervorosos o desejo de ser como os profissionais. Para alcançar esse patamar, que não é missão fácil, muitos dedicam então algumas horas a estudar os movimentos dos especialistas e a procurar material sobre os títulos mais disputados no segmento.
Treinar a mente para triunfar no jogo
Existe um segmento dos jogos em que o estudo e a formação são pilares fundamentais. Falamos dos desportos mentais, aqueles em que as capacidades intelectuais decretam os vencedores. Neste género estão clássicos como xadrez, poker e bridge.
O xadrez sempre foi reconhecido como um jogo que proporciona um duelo de intelectos. Por isso mesmo, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética travaram uma verdadeira guerra nos tabuleiros, em que cada nação enviava os seus melhores cérebros para provar ao mundo a superioridade intelectual dos seus representantes.
Atualmente, o xadrez ganhou a internet, e no território online oferece duelos contra jogadores de todas as partes do mundo. Os amantes da modalidade também encontram uma imensa quantidade de material sobre a modalidade, com destaque para os conteúdos sobre as principais aberturas e fechos da partida, os quais são dois dos momentos mais importantes na dinâmica do xadrez.
O poker, por sua vez, é o mais recente desporto da mente. Com a certificação, a sorte sai de cena e fica definitivamente comprovado que para vencer uma partida são necessárias diversas habilidades mentais, como análise, concentração e cálculo de probabilidades. A modalidade ganhou reconhecimento da IMSA (International Mind Sports Association) e está agora no mesmo patamar que o xadrez e o bridge.
Tal como o xadrez, o poker também ganhou nova vida online. Apoiado em plataformas especializadas, a modalidade ganhou espaço e fez crescer o número de praticantes em todo mundo. As plataformas disponibilizam diversas modalidades de poker, entre elas a Texas Hold’em, a mais popular. Outro ponto forte são os conteúdos relacionados com o jogo, como as principais regras do poker, o valor das mãos, a ordem dos turnos, e tudo o resto que envolve uma partida.
E o bridge também tem sido crescido em popularidade no ambiente digital. Este jogo é outro desporto mental que exige dos seus jogadores muita estratégia para acertar na fase de leilão e vencer as rondas. Pode até parecer complicado, mas não é.
Na web, diversos sites especializados oferecem guias de instrução para os utilizadores que desejam começar a modalidade. Além disso, também é possível jogar partidas contra robots para aprender as táticas do jogo.
Curiosamente, o bridge é o jogo favorito de grandes mentes, como Bill Gates, fundador da Microsoft.

Uma via de mão dupla
Engana-se quem pensa que é só a indústria dos videojogos que utiliza a educação para crescer. Desde há alguns anos, o setor educacional tem apostado bastante na gamificação para capturar a atenção e ensinar. Ao equilibrar conteúdo educacional com a dinâmica dos jogos eletrónicos, os estudantes atingem um nível de imersão profundo, algo dificilmente experienciado diante de um quadro.
Um grande exemplo desse fenómeno é a aplicação Duolingo, que ensina idiomas e aposta num formato de jogo para conquistar os utilizadores. Na app, os alunos estão em divisões, para subir ao próximo nível é preciso fazer aulas que dão direito a pontos no final da semana, e aqueles com mais pontos avançam e os que pouco estudam descem de divisão.
Outro facto curioso fica por conta da cientista Katharine Hayhoe, da Texas Tech University. Ela e alguns colegas fundaram o canal “ClimateFortnite”, que através do videojogo Fortnite ensinam sobre os perigos da mudança climática e como é possível aliviar a situação do planeta.
É através de ferramentas digitais, algumas delas inusitadas, que o avanço chega a todas as partes da rede. Basta saber procurar para encontrar conteúdos interessantes e valiosos, seja sobre videojogos ou outras matérias, como finanças, saúde ou mudanças climáticas.
Dito isto, dois setores muito diferentes, videojogos e estudo, agora caminham lado a lado, numa era em que a tecnologia dita o ritmo.