Uma nova investigação revelou que o confinamento, como medida para conter a covid-19, teve um impacto significativo no bem-estar dos neozelandeses, especialmente no dos mais jovens. Ainda assim, nem todos os resultados foram negativos.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, conduziu uma investigação entre os dias 15 e 18 de abril, que corresponderam aos dias 19 a 22 do confinamento de 33 dias. De acordo com os resultados, quase um terço dos participantes sofreu mentalmente durante o confinamento.
Citada pelo Science Daily, Susanna Every-Palmer, chefe do Departamento de Medicina Psicológica da Universidade de Otago, disse que 30% dos participantes relataram sofrimento psicológico moderado a grave e 16% apresentaram níveis moderados a altos de ansiedade. Quase 40% dos inquiridos disseram que o nível de bem-estar era baixo.
“O confinamento da Nova Zelândia eliminou com sucesso a covid-19 da comunidade, mas os nossos resultados mostram que essa conquista trouxe um impacto psicológico significativo”, disse Every-Palmer. “Foram relatadas taxas de angústia substancialmente altas entre aqueles que relataram ter perdido os empregos; que tinham vulnerabilidades de saúde; e aqueles que tiveram um diagnóstico anterior de doença mental.”
O nível de sofrimento mental foi muito maior em adultos mais jovens: quase metade dos inquiridos, com idade entre 18 e 24 anos, experimentaram sofrimento psicológico moderado a grave, em comparação com menos de um em 10 adultos com 65 anos ou mais.
Pouco mais de 6% dos participantes relataram ter pensamentos suicidas durante o confinamento. Quase um em cada 10 inquiridos experimentou diretamente alguma forma de dano familiar durante o período de confinamento, como agressão sexual, agressão física ou assédio e comportamento ameaçador.
Mas nem todas as consequências foram negativas: 62% dos participantes consideram que este “mal” trouxe coisas boas, como o teletrabalho, passar mais tempo com a família, viver num local mais silencioso e um ambiente menos poluído.
“As consequências da pandemia vão ser generalizadas e prolongadas. Ainda assim, as nossas descobertas enfatizam a necessidade de alocar recursos para apoiar o bem-estar mental durante e após os confinamentos”, rematou Every-Palmer.