O pai e um dos filhos de Luís Filipe Menezes, ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, receberam dois milhões de euros em contas bancárias em Macau, quando o político do PSD era autarca. O caso foi investigado pela justiça, mas foi arquivado por falta de provas.
O jornal Público dá conta do arquivamento deste processo em Julho passado. O inquérito do Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto centrava-se em suspeitas de vários crimes, incluindo corrupção, com Luís Filipe Menezes como figura central, mas não foi possível comprovar a existência de qualquer irregularidade.
Na base das suspeitas, estão transferências bancárias de dois milhões de euros que foram feitas de uma empresa chamada Longe Company LLC, com sede nos EUA, em Novembro de 2008, para uma conta do BCP numa sucursal offshore em Macau.
Essas transferências terão sido feitas enquanto Menezes era presidente da Câmara de Gaia, e o dinheiro acabou por ser enviado para Portugal, e terá sido usado para a aquisição do apartamento na Foz, no Porto, onde o ex-autarca vive actualmente, como nota o Público.
Menezes já veio desmentir a notícia, falando em “maldade” e “mentira”, numa publicação no Facebook que é ilustrada com a imagem de uma rapariga a vomitar.
O ex-presidente de Câmara refere que “todos os inquéritos que dezenas de denúncias anónimas haviam gerado” foram “arquivados liminarmente, após ficar provado que não foi detectado um único caso” em que “uma decisão” sua tenha estado “eivada de ilegalidade”.
De facto, a investigação concluiu que não havia forma de provar qualquer crime, não tendo sido possível apurar a real origem dos dois milhões de euros.
O dinheiro terá passado por várias contas bancárias, nomeadamente do pai e do filho do político no Luxemburgo, e ainda do advogado Amorim Pereira, que foi director financeiro da campanha de Menezes à Câmara do Porto em 2013. Finalmente, a verba terá chegado a Portugal através de uma conta do pai do ex-autarca no BES.
A investigação acredita que o dinheiro pertencia, na verdade, a Menezes, considerando “demonstrada a impossibilidade absoluta” de a verba pertencer aos familiares do ex-presidente, como cita o Público.
O inquérito também nota que “do confronto de todos os elementos resultam indícios de que Luís Filipe Menezes, em razão do cargo desempenhado ou por causa dele, terá auferido vantagens indevidas que escamoteou, canalizando-as, através de seu pai e filho, pelo menos em parte, para conta bancária no exterior”, transcreve o mesmo jornal.
Em declarações ao jornal, Menezes nega as suspeitas, garantindo que nunca teve “um tostão no estrangeiro”. “O dinheiro é do meu pai”, assegura, frisando que teve origem na venda de um colégio fundado em Ovar pelo Estado, e que terá rendido 8 mil contos em 1971. “Hoje seria o equivalente a dois ou três milhões de euros”, destaca.
Fonte: ZAP