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José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi, Presidente do BES Investimento
O antigo administrador do Banco Espírito Santo (BES) José Maria Ricciardi considera que a resolução do banco foi um “erro colossal” e garantiu que se está a “transferir dinheiro do Fundo de Resolução do Novo Banco” para os lucros de empresas de recuperação de crédito.
Em entrevista ao Público, citado pela Sábado, o banqueiro garantiu que “haverá condenações no caso BES”, apontou o dedo à gestão do seu primo Ricardo Salgado e referiu que o anterior Governo de Pedro Passos Coelho “não teve coragem” para enfrentar os buracos no GES e no BES.
José Maria Ricciardi, também gestor do Grupo Espírito Santo (GES) entre o final de 2011 e junho de 2014, disse ter ficado “contente” com o desfecho de processos do Banco de Portugal (BdP) em que foi visado. No fim, foi-lhe aplicada uma contra-ordenação mínima de 60 mil euros e a sua atividade na banca não foi inibida.
Acusado pelo BdP no processo BESA, acabou absolvido e noutras investigações do Ministério Público nem foi considerado arguido. “Apesar do caminho ter sido longo, fiquei contente, mas não acho que o BdP me tenha feito um favor. Fez-se justiça”, afirmou ao Público.
Na primeira entrevista desde que a resolução do BES, José Maria Ricciardi aproveitou para tecer fortes críticas ao primeiro-ministro do anterior Governo, Pedro Passos Coelho, devido à maneira como conduziu a resolução do banco.
“Eu aqui critico mais o dr. Pedro Passos Coelho e sou insuspeito pela relação muito forte que tenho com ele. O problema é mesmo a Resolução, que nunca devia ter sido feita. E não foi o Banco de Portugal que a quis, foi a União Europeia que a impôs, para fazer aqui uma nova experiência que praticamente não repetiu em mais lado nenhum”, salientou.
José Maria Ricciardi referiu ainda que seriam necessários “seis ou sete mil milhões” de euros para evitar o colapso do BES e defendeu uma diferente solução à venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star.
“Se é para usar o dinheiro do Estado para ir saneando o banco, faria mais sentido mantê-lo na esfera pública, escolhendo gestores profissionais, vendendo-o quando o banco estivesse em melhores condições. Agora ser um privado a gerir os dinheiros do Estado é uma solução que nunca vi em lado nenhum”, indicou ao Público.
TP, ZAP //
Fonte: ZAP