Olivier Hoslet / EPA
O ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes
A saída de Azeredo Lopes do cargo de ministro da Defesa é já uma possibilidade defendida dentro do próprio Governo, revela o jornal Público nesta quinta-feira.
O ministro da Defesa conseguiu sobreviver ao roubo de armas em Tancos e ao seu aparecimento encenado, mas Azeredo Lopes corre agora o risco de abandonar o Governo liderado por António Costa após a constituição de arguidos dos dirigentes da Polícia Judiciária Militar (PJM).
De acordo com informações que o Público recolheu, a saída do ministro da Defesa do Governo poderá ocorrer depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2019 – caso não venha a ser constituído antes, cenário que levaria à cessão de funções imediata.
Para o Governo, toda a situação é considerada muito grave. O facto do ex-diretor da PJM, o coronel Luís Vieira, e o seu antigo porta-voz, Vasco Brazão, – tutelados por Azeredo Lopes – terem sido constituídos arguidos no âmbito do processo fragilizaram a imagem do ministro da Defesa, nota o matutino.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, preferia uma saída rápida de Azeredo Lopes do executivo. Tal como nota o diário, António Costa estará a adotar uma estratégia semelhante à que levou à saída de Constança Urbano de Sousa, que ocupou o cargo de ministra da Administração Interna entre novembro de 2015 e outubro de 2017.
Segundo o Público, a saída da ministra já estava prevista no Governo quando a intervenção do Presidente, na sequência dos fogos de 15 de Outubro, acelerou o processo. O primeiro-ministro estará agora a fazer o mesmo com o ministro da Defesa.
Se fosse primeiro-ministro, Rio já teria demitido Azeredo Lopes
O presidente do PSD disse esta sexta-feira que, se fosse primeiro-ministro, o ministro da Defesa, já teria saído do Governo, porque ficou “fragilizado politicamente” com o caso do reaparecimento das armas de Tancos.
Em declarações aos jornalistas em Trancoso, Rui Rio frisou que “cabe ao primeiro-ministro dizer se o ministro da Defesa pode ou não, deve ou não, continuar”. Mas, se fosse primeiro-ministro, Rui Rio “não tolerava uma situação destas”, por a considerar “absolutamente insustentável” por vários motivos.
“Se eu fosse primeiro-ministro, o ministro da Defesa já tinha saído. Penso até que, através de conversas a dois, teria saído pelo seu próprio pé”, afirmou.
Segundo o líder social-democrata, “independentemente de ser verdade ou não ser integralmente verdade aquilo que tem vindo a público”, é “absolutamente inquestionável” que “o ministro da Defesa está fragilizado politicamente”.
Por isso, “não tem condições de se impor como ministro da Defesa, à frente das Forças Armadas, que requerem alguém com peso político e respeitabilidade inquestionável”.
“A responsabilidade não é minha, é o primeiro-ministro que tem de decidir e responsabilizar-se por isso, de arrastar esta situação, ou não arrastar. Eu faria diferente. Já se arrastou demasiado tempo”, acrescentou.
Fonte: ZAP