A obesidade é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores desafios de saúde pública do século XXI. Hoje, ela já atinge proporções epidêmicas, trazendo consequências significativas tanto para a saúde física quanto mental da população.
Apesar de muitas vezes associada apenas ao excesso de ingestão calórica em relação ao gasto energético, novas pesquisas mostram que essa visão é limitada e insuficiente.
“Reduzir a obesidade a um problema puramente metabólico é um erro conceitual. Precisamos considerar os fatores neurobiológicos, genéticos e comportamentais que moldam os padrões alimentares e de peso”, afirma o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, um dos autores do estudo.
O papel do cérebro e dos genes na obesidade
De acordo com os pesquisadores, a compreensão contemporânea da obesidade deve levar em conta a interação entre predisposição genética, circuitos neurais ligados ao apetite e padrões de comportamento influenciados pelo ambiente.
O estudo, publicado pela Atena Editora na revista científica International Journal of Health Science destaca como os mecanismos de recompensa no cérebro, em especial aqueles relacionados à dopamina, podem contribuir para a compulsão alimentar e dificultar a regulação do peso corporal.
A endocrinologista Dra. Jacy Maria Alves ressalta que fatores ambientais, como a disponibilidade de alimentos ultraprocessados e o estresse da vida moderna, atuam em conjunto com vulnerabilidades genéticas e neurobiológicas.
“Essa combinação cria uma espécie de ‘atalho’ para o desenvolvimento da obesidade, dificultando tanto a prevenção quanto o tratamento quando não se adota uma abordagem integral”, explica.
Implicações para o futuro da medicina
Para o cardiologista Dr. Rafael Marchetti, a pesquisa reforça a necessidade de unir Medicina de Precisão e Medicina do Estilo de Vida no enfrentamento da obesidade.
“Estamos diante de um problema que não pode ser resolvido com soluções simplistas. O avanço está em integrar genética, neurociência, hábitos de vida e acompanhamento clínico contínuo”, afirma.
“Políticas de saúde, programas de prevenção e estratégias clínicas precisam passar a adotar esse olhar multifatorial, capaz de compreender a obesidade não apenas como um desequilíbrio calórico”, destaca o Dr. Rafael Marchetti.


