Cada família portuguesa perdeu, em média, 944 euros desde o início da crise provocada pela pandemia de covid-19, ascendendo o prejuízo total a 3,9 mil milhões de euros, segundo um estudo da Deco divulgado esta sexta-feira.
“Ao mesmo tempo que as medidas de confinamento travavam o contágio pela covid-19, muitas famílias portuguesas entravam em crise financeira. Desde o início da pandemia no nosso país, em março último, até meados de maio, a perda de rendimento generalizou-se a 70% dos agregados familiares”, indicou, em comunicado, a Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, citada pela agência Lusa.
De acordo com os dados avançados, considerando o universo das famílias portuguesas, cada uma já perdeu, em média, 944 euros, valor que multiplicado pelo número de agregados (perto de 4,2 milhões) traduz um prejuízo de 3,9 mil milhões de euros, quase o triplo do registado em meados de março (1,4 mil milhões de euros).
No centro do corte financeiro está a perda ou redução do rendimento profissional que, entre meados de março e de maio, passou de 581 para 1.126 euros. Os danos financeiros registados justificam-se ainda com o cancelamento de viagens, eventos culturais e desportivos, perdas em rendas de imobiliário e em investimentos em produtos financeiros.
Do total de inquiridos, 9% indicaram dificuldade em pagar o empréstimo da casa, em maio, 12% a renda, 13% telecomunicações, 12% gás, eletricidade e água e 11% a alimentação.
“As poupanças, como consequência, estão a ser bastante afetadas. Num terço dos casos, as economias já foram usadas para enfrentar as despesas diárias e outro terço das famílias antevê a necessidade de o vir a fazer. Dadas as circunstâncias adversas, uma em quatro famílias viu-se forçada a pedir auxílio financeiro”, lê-se no documento.
Conforme indicou a Deco, desde o início da crise, 65% dos portugueses mantiveram-se profissionalmente ativos e 42% destes continuam a receber o mesmo salário, enquanto 23% viram o seu rendimento ser cortado.
Já 22% das famílias enfrentam “horizontes mais negros” com algum elemento que ficou temporariamente sem trabalho, por exemplo, devido ao regime de ‘lay-off’ ou ao desemprego, que atingiu 13% dos inquiridos. Os trabalhadores independentes foram os mais afetados, sendo que a maioria continua a trabalhar, mas com perda de rendimentos.
Durante os próximos 12 meses, 26% dos inquiridos preveem ser “provável” a perda de emprego e 30% o corte salarial sem redução de horário, enquanto 23% afirmam ser igualmente “provável” o aumento da carga horária com a mesma retribuição.
Adicionalmente, 31% dos inquiridos acham “provável” a perda ou redução de benefícios laborais, como subsídios de refeição ou prémios e 22% “muito provável ou certo”.
Para a realização deste estudo, a Deco enviou, entre 14 e 15 de maio, um questionário ‘online’ a “uma amostra representativa da população portuguesa”, com idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos. No total, apuraram-se 1.002 respostas.
Fonte: ZAP