Um inquérito feito pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica revela que mais de um terço (36%) dos portugueses viram diminuir os seus rendimentos do trabalho. Os trabalhadores com salários até mil euros por mês foram os mais afectados pela perda de rendimentos provocada pela pandemia da covid-19.
A perda de liquidez tem uma explicação imediata: obrigados ao confinamento doméstico e com as escolas fechadas, 3% dos trabalhadores recorreram à assistência à família, por terem filhos até aos 12 anos de idade, tendo ficado por isso a receber apenas 66% do salário, do mesmo modo que 13% foram postos em “layoff” – recebendo os mesmos 66% – e 4% ficaram desempregados.
A proporção dos que viram reduzir-se o salário ao fim do mês é maior entre os que já ganhavam menos: 43% dos que tinham um rendimento até mil euros mensais perderam rendimento. Na fatia dos que recebiam entre mil e 2500 euros mensais, foram 33% os que perderam dinheiro, numa percentagem que se reduz para os 24% entre os que ganhavam mais de 2500 euros. O inquérito “Covid-19 e Portugueses” feito para o PÚBLICO e RTP mostra ainda que quase um quarto dos portugueses está em teletrabalho desde que o país foi posto em quarentena para travar a propagação do novo coronavírus: 23,2%.
Teletrabalho
20% dos teletrabalhadores declararam estar a produzir mais ou muito mais. A fatia dos que continuaram a deslocar-se diariamente para o seu local de trabalho é, ainda assim, maior: 35,5%.
Com uma larga maioria dos inquiridos a declarar dispor de condições “boas ou muito boas” para o teletrabalho (o que tem tradução prática quer no apoio das empresas para o trabalho no domicílio quer nas condições de conforto, incluindo ausência de ruído e de interrupções), há neste inquérito um dado que surpreende: a compatibilização entre as obrigações profissionais e familiares está a correr “bem ou muito bem” para a maior parte das pessoas: 77%, no total. Apenas 2% responderam “mal” à pergunta sobre como está a decorrer a compatibilização.