Os incêndios de Junho que atingiram Castelo de Paiva, no distrito de Aveiro, e que na altura destruíram cerca de 80% do concelho, tem mostrado até os dias de hoje os sinais de sua passagem. Os moradores ainda convivem com o triste legado deixado, de dezenas de casas ardidas e mais de 200 pessoas que foram retiradas de suas casas.
Lamentavelmente, verbas do Fundo Solidário Europeu, que autorizou o envio de 50,6 milhões de euros para Portugal de forma a ajudar as vítimas e estruturas afectadas pelos incêndios de 2017, não chegarão a Castelo de Paiva. Dessas verbas, apenas metade irá para os concelhos que arderam, destinando-se a outra metade para reforçar entidades nacionais com responsabilidades no combate aos incêndios.
O motivo para tal, alegado pelo governo, é que apenas concelhos afectados pelos incêndios de Outubro vão receber fatias desta remessa, ficando de fora os concelhos que sofreram com os incêndios em Junho de 2017.
A decisão tem sido duramente criticada pelos moradores do concelho e por políticos. Dentre os críticos está Duarte Marques, deputado do PSD, que critica a decisão de o Estado utilizar metade das verbas para apoiar entidades como a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), a GNR, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o Fundo Floresta Permanente, a direcção geral da Administração Interna, a Marinha, o Exército e a Força Aérea.
Segundo o membro das comissões parlamentares dos Assuntos Constitucionais e de Assuntos Europeus, os beneficiários do Fundo Solidário deveriam ser “as pessoas, os concelhos, as aldeias do interior, ou seja, os principais afectados” pelos incêndios e não as instituições.
Apesar das duras críticas, o Governo responde que os concelhos de Junho foram deixados de fora porque “os prejuízos nas infra-estruturas” foram cobertos pelo Fundo de Emergência Nacional em 15% e pela reprogramação do Programa Operacional do Centro em 85%, dispensando estas verbas que poderão ser utilizadas em outras regiões também afectadas pelos incêndios do ano passado.