São sempre momentos de tristeza para aqueles que viram partir, à 17 anos, os seus familiares e amigos. Ontem foi mais um dia de recordar todos aqueles que faleceram nas águas do rio Douro. Nem os mais de 6 mil dias que já se passaram foram suficientes para conter as lágrimas na cerimónia.
As condições climatéricas fizeram recordar mais intensamente o dia 4 de março de 2001. A chuva intensa, as águas revoltas do rio. Mas a esperança que alimentava o coração de uns, já não é a mesma que alimenta, passado 17 anos, o coração de outros. Os rostos desanimados, o luto que ainda perdura, mostram o impacto que a tragédia teve para muitas famílias.
A falta de esperança advém da falta de cumprimento de muitas das promessas feitas, sem lugar para cumprimento em 17 anos de governações distintas. O IC35. Guterres garantia, aquando a tragédia que vitimou 59 pessoas que faziam a travessia da ponte, a construção de uma estrada de 14 quilómetros, que ligaria Penafiel a uma das pontes erguidas depois da tragédia. Desses 14 quilómetros, nenhum foi construído até aos dias de hoje.
Chegou a ser aprovada pela Assembleia da república e prometida por todos os governantes que se seguiram a Guterres. Mas de nada valeu.
Paulo Teixeira, presidente da Câmara em 2001, mostra-se sem esperanças após 17 anos de sucessivas promessas de sucessivos governos. Questiona até se é necessário acontecer uma tragédia igual ou maior do que a que decorreu a 4 de março.
O atual autarca, Gonçalo Rocha, lamenta com desânimo o que aconteceu em 17 anos, o esquecimento dos governos face a Castelo de Paiva e Penafiel. Mas ainda tem esperança na “vontade do atual Governo e no empenhamento do ministro do Planeamento”. Otimismo derrubado pelo edil de Penafiel, que não acredita que haja vontade em avançar com a obra.
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