Antes de olharam para galinhas e lebres como comida, os britânicos antigos veneravam estes animais e associavam-nos a deuses. Só séculos mais tarde é que esse costume mudou.
Uma equipa de arqueólogos britânicos encontrou galinhas e lebres enterradas completamente intactas e com um enorme cuidado. Embora estes animais viessem a fazer parte de alimentação dos britânicos, antes disso eram associados a deuses, escreve o Gizmodo.
Inicialmente, estes animais não eram tratados como comida, mas sim como objetos espirituais, concluiu um estudo de investigadores da Universidade de Exeter, Leicester e Oxford divulgado no blogue da Arts and Humanities Research Council. A investigação teve como objetivo perceber a forma como animais como estes passaram a ser associados às festividades da Páscoa.
Espécimes enterrados mostram que galinhas e lebres foram inicialmente trazidos para a Grã-Bretanha entre os séculos V e III a.C. Só mais tarde, durante o período Romano, entre 43 e 410 d.C. é que começaram a ser vistos como comida.
“Acreditamos que eles foram enterrados com cuidado porque, na Idade do Ferro, encontramos esqueletos completos – isto é incomum, a menos que os animais tenham sido cuidadosamente enterrados”, explicou a autora do estudo Naomi Sykes ao Gizmodo. “Normalmente encontramos ossos desarticulados”.
Estas conclusões são comprovadas pelos relatos do imperador romano Júlio César, que anotou este comportamento durante as guerras da Gália: “Os britânicos consideram contrário à lei divina comer lebre, galinha ou ganso. Eles criam-nos, no entanto, para sua própria diversão e prazer”
“A ideia de que galinhas e lebres inicialmente tinham associações religiosas não é surpreendente, pois estudos transculturais mostraram que coisas e animais exóticos geralmente recebem um status sobrenatural. Relatos históricos sugerem que galinhas e lebres são muito especiais para serem comidas e, em vez disso, são associadas a divindades – galinhas com um deus da Idade do Ferro semelhante ao deus romano Mercúrio e lebres com uma deusa da lebre desconhecida. A associação religiosa de lebres e galinhas durou todo o período romano”, explica Sykes em comunicado de imprensa.