O que se entende por “Agricultura familiar”? Será que só são rentáveis os modelos de maior dimensão económica, privilegiados pelas políticas agrícolas implementadas em Portugal depois da adesão à UE, ou a agricultura familiar também pode ser compatível com a modernização, mesmo no caso do minifúndio, como é realidade da nossa região? Como aproveitar a pluralidade dos sistemas agroflorestais existentes e ter as condições necessárias para a sua mobilização para o desenvolvimento? Em que medida a agricultura familiar pode contribuir para uma alimentação saudável e variada?
Para refletir nestas questões que, certamente, dizem respeito à grande parte dos Arouquenses, o Círculo Cultura e Democracia promove duas atividades:
- no dia 27 de abril, às 21h, uma conferência sobre “A agricultura familiar e as suas potencialidades de desenvolvimento”, com os engenheiros agrónomos Agostinho de Carvalho e José Ramos Rocha, como oradores, e com moderação da engenheira Graça Almeida, da Cooperativa Agrícola de Arouca.
- no dia 28 de abril, às 10h , uma oficina sobre “Recolha, limpeza e conservação das sementes tradicionais”, com José Miguel Fonseca, agricultor; a oficina pretende desafiar os participantes a ganhar autonomia em termos de alimentação, aprendendo a identificar, recolher e conservar as sementes locais, dominar o ciclo completo da planta, permitindo assim a sua manutenção em vez da sua substituição por variedades híbridas generalizadas, que não têm a mínima hipótese de dar retorno ano após ano.
Breves notas sobre os convidados:
Agostinho de Carvalho, engenheiro agrónomo, professor jubilado, foi investigador do Centro de Estudos de Economia Agrária da Fundação Calouste Gulbenkian, conselheiro técnico principal da FAO e professor da Universidade do Algarve e do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz.
José Ramos Rocha, engenheiro agrónomo, foi, entre outros, chefe de Divisão e Diretor de Serviços do Gabinete de Planeamento do Ministério da Agricultura; geriu vários dos dossiers da adesão à CEE e foi Vice-presidente do Instituto Regulador e Orientador dos Mercados Agrícolas. Atualmente é Presidente Honorário da WUWM (União Mundial dos Mercados Grossistas) e gestor de empresas.
José Miguel Fonseca, agricultor, foi cofundador da Associação “Colher para Semear”, da qual foi dirigente até março 2018. O objetivo principal da Associação é a recolha, preservação e catalogação das variedades tradicionais ainda existentes, de maneira a inverter a situação atual de contínua perda de biodiversidade genética agrícola. A “Colher para Semear“ organizou em Arouca, em 2012, com grande sucesso, o “Ao Encontro da Semente”.
A conferência realizar-se-á no auditório da Loja de Turismo de Arouca, às 21h, e é de entrada livre.
A oficina terá lugar no Museu Municipal (antigo mercado), às 10h, com uma duração de cerca de 2h, sendo aberta ao público, mediante inscrição prévia para: circulomaisdemocracia@gmail.com