Castelo de Paiva, pequeno município do Douro Litoral, em tempos foi um importante polo mineiro. A importância do carvão, a meio do século XX, originou uma centralidade do concelho centrada nas jazidas de carvão, ricas jazidas, porque de fácil exploração, situadas no território de S.Pedro do Paraíso e Pedorido.
Reconhece-se que um polo como o das minas do carvão do Pejão, trouxe ao concelho de Castelo de Paiva, antes de cariz totalmente rural, uma vida nova, mais gente, melhores salários, novas oportunidades. Esta terra conheceu um crescimento galopante, crescimento, não só de poder aquisitivo, também de oferta desportiva e cultural, toda a vida rodou em consonância com a importância das minas.
Para as minas, desde Penafiel, Marco de Canaveses, Arouca, rumavam diariamente centenas de Homens, que sem o saberem, e pelas consequências da extração e do pó provocado pela mesma, iam hipotecando a saúde. Começou-se a ouvir falar de uma doença nova; a silicose!
Quem em Castelo de Paiva, não teve conhecimento de alguém que tivesse morrido asfixiado pela silicose?
Hoje Castelo de Paiva, vinte e quatro anos após o encerramento das minas retoma ao drama, aos medos, as montanhas de lixo (inertes) que eram retirados do subsolo, para dar lugar às galerias, e depositadas no exterior quase a esmo, dando lugar a montes artificiais, com os incêndios de outubro entraram em combustão e agora, aquele espectáculo das escombreiras a arder descontroladamente e a debitar para a atmosfera matéria poluente, penso, colocam à nossa responsabilidade colectiva questões difíceis de responder.
Não restam dúvidas, e numa visita introspectiva ao local, pese algumas considerações ouvidas, vim de lá amedrontado com aquele fumo de forte cheiro a enchofre.
Autor: Manuel Vieira
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