Sentado no chão da eira da quinta de Vegide, ainda menino de tenra idade, vendo meu avô, Luís Moreira, orientando os trabalhos de preparação dos cereais, penso orgulhoso; quero ser como o meu avô, homem forte, família numerosa, carinhoso, um amigão.
O mundo visto por uma criança, é belo, confina-se a um pequeno espaço, um pequeno núcleo, o espaço da casa, o núcleo familiar.
Os anos vão passando, começa-se a perceber que quase tudo é imoral, sujo, como é possível que os adultos tenham sido crianças?
Hoje que se festejam os duzentos anos do nascimento de Karl Marx e constatando os abusos de poder praticados por governos eleitos por sufrágio popular, chega-se facilmente à conclusão de que a utopia de Marx é a solução, a realidade democrática vigente no mundo é atentatória da dignidade humana, porque conduz o homem à escravidão.
Esta humilhação social se não for circunscrita levar-nos-à a colapsar, a achar normal que uns quantos possam usar a chibata, enquanto, a grande maioria será distraída ( seguindo o modelo de Roma) com festas gastronómicas aonde jorre o néctar de teor alcoólico que anestesia até ao momento, momento lúcido, que convida ao suicídio.
Manuel Vieira
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