Uma bactéria peculiar, descoberta num armazém de resíduos nucleares na Sibéria, revelou-se bastante promissora como ferramenta para a criação de uma barreira natural contra a disseminação de radionuclídeos.
Investigadores do Instituto moscovita Físico-Químico Frumkin e do Centro Federal de Pesquisas de Biotecnologia da Academia de Ciências da Rússia conseguiram isolar microrganismos que podem ser muito úteis para proteger o meio ambiente dos resíduos nucleares líquidos.
A descoberta foi feita durante análises microbiológicas às águas subterrâneas no local de enterro de resíduos nucleares na cidade russa de Seversk, na Sibéria, onde estão armazenados resíduos nucleares líquidos da Central Química Siberiana que fornece e reprocessa urânio enriquecido para combustível nuclear.
A investigação, divulgada recentemente na revista científica russa Radioaktivnye otkhody, sugere que a bactéria é capaz de converter iões radionuclídeos, inclusivamente aqueles encontrados em urânio e plutónio, em formas sedentárias, protegendo assim o meio ambiente da disseminação de radiação perigosa.
Através de experiências realizadas em laboratório, os cientistas conseguiram determinar as condições necessárias para que a bactéria, que a comunidade científica ainda não atribuiu nome, realize um trabalho muito útil neste campo.
Aliás, segundo os investigadores, este é o primeiro passo para a criação de uma barreira biogeoquímica de radionuclídeos que pode ser usada em locais de enterramento de resíduos nucleares líquidos.
A sociedade presta grande atenção, desde 1980, a investigações microbiológicas sobre territórios contaminados por radionuclídeos e locais de enterramento de resíduos nucleares.
Cientistas de todo o mundo alertam para a necessidade de levar em consideração a demora da decomposição dos compostos radioativos, que podem demorar milhões de anos a decompor-se na natureza.