Desde 2014 que, hoje, 27 de janeiro, assinalamos o dia internacional em Memória das vítimas do Holocausto, efeméride resultante da descoberta do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, por parte das forças aliadas em 1945.
É certo e sabido que o holocausto foi o mais macabro plano de extermínio dos “não desejados”. Nesta lista de “não desejados” encontramos os judeus, ciganos, homossexuais, opositores políticos, portadores de deficiência e os doentes incuráveis.
No plano de conquista do território europeu, associado à necessidade de limpeza dos “não desejados”, as forças nazis começaram por criar espaços separados da restante população para os colocar. Face às pressões da comunidade internacional, Terezin foi criado para ser um campo de demonstração, onde as entidades externas poderiam confirmar que os “não desejados” viviam em boas condições. Werner Reich, sobrevivente de Auschwitz, recentemente esteve em Portugal, e descreveu a sua passagem por Terezin como sendo o campo de propaganda. Sempre que tinham visitas externas, os preparativos eram a preceito com limpeza das instalações, melhoramento da alimentação e, quando estava sobrelotado, enfiavam uns milhares em vagões e enviavam-nos para Auschwitz.
Dos ensaios clínicos, ao roubo dos bens pessoais, sem esquecer as condições desumanas de vida e as mais variadas formas de assassinato massivo dos “não desejados”, é possível desenvolvermos o nosso conhecimento através das centenas de livros e filmes que tentam descrever das mais variadas formas o que foi o holocausto, ainda assim a nossa mente tem dificuldade em percebe-lo.
É fundamental recordar o holocausto por vários motivos: pelas vítimas porque cometeram o “crime” de existirem, pelos heróis e pela consciencialização coletiva.
Não podemos esquecer todos os heróis que denunciaram as atrocidades cometidas pelo exercito nazi, e, principalmente todos os “indisciplinados” que tudo fizeram para salvar as vítimas. Entre estes heróis de várias nacionalidades, encontramos Oskar Schindler, imortalizado no filme de Steven Spielberg, e alguns portugueses, destacando-se Aristides de Sousa Mendes, mas também Joaquim Correia, Teixeira Branquinho e Sampaio Garrido. É também por mérito deles que devemos celebrar este dia.
Por fim, devemos assinalar a data com o intuito de manter a memória coletiva lúcida e consciente do que foi o holocausto para que não volte a acontecer.
Ainda assim, os planos de extermínio e desumanização não começaram no nazismo e, estão longe de acabar, e, em dimensões significativamente menores, vamos assistindo a episódios de maior ou menor intensidade “lá longe” no norte e centro de África, médio oriente, ou mesmo na américa latina.
“Se virem algo errado, falem” pediu Werner Reich, sobrevivente de Auschwitz. Questiono-me se estamos a falar alto o suficiente sobre as atrocidades e decisões políticas que vão ocorrendo por todo o mundo, ou se sofremos de miopia coletiva. É fácil encontrar grupos que facilmente podemos excluir-lhes direitos. Estarmos solidários com as vítimas do holocausto significa não esquece-las e tudo fazer para que não se repita.
Citando Roberto Benigni “Dedico este filme a todos os que deram a vida por nós para que hoje possamos dizer ‘A vida é bela’!”, respondo à pergunta que deu título a esta crónica: SIM! Devemos falar sempre do holocausto para que nunca mais se volte a repetir!
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