Inácio Rosa / Lusa
Jorge Jardim Gonçalves, fundador e antigo presidente do BCP.
O ex-administrador do BCP Jorge Jardim Gonçalves ganhou uma acção em tribunal contra o seu antigo banco, que lhe permite continuar a receber uma pensão de 167 mil euros por mês.
Jorge Jardim Gonçalves ganhou a acção em tribunal que o opunha ao Banco Comercial Português, do qual foi fundador e presidente até 2005, que lhe garante uma pensão mensal de 167 mil euros.
Além da pensão milionária, diz na sua edição deste sábado o semanário Expresso, a deliberação judicial, tomada pelo Tribunal de Sintra o mês passado, confirmou a Jardim o pagamento de várias despesas, como segurança, carro e motorista. De fora fica apenas o jacto privado, a que o ex-gestor deixa de ter direito.
“As regalias que tinha e a pensão que recebo foram aprovadas pelos órgãos competentes e diziam respeito a todos os ex-administradores do banco“, saleintou Jardim Gonçalves, citado pelo Expresso.
O gestor foi afastado no BCP em 2008 na sequência de um polémico conflito entre dois grupos de accionistas no seio do Conselho de Administração, que levou também à saída do seu sucessor à frente do banco, Paulo Teixeira Pinto.
Em 2010, foi-lhe aplicada uma multa de um milhão de euros pelo Banco de Portugal, devido a nove infracções com dolo à frente do BCP. Jardim Gonçalves ficou então inibido, durante 9 anos, do exercício de cargos em instituições de crédito.
Em maio de 2014, o fundador do Banco Comercial Português condenado a 2 anos de prisão por crime de manipulação de mercado. A pena ficou suspensa, mediante o pagamento de uma caução de 600 mil euros.
A acção judicial destinada a cortar a reforma de Jardim Gonçalves deu entrada no Tribunal de Sintra em 2010. Dois anos mais tarde, este tribunal considerou não ter competência para julgar o caso, posição confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa em 2013.
Nos sete anos que decorreram desde que a acção deu entrada em Tribunal, Jardim Gonçalves manteve a sua pensão de 167 mil euros – da qual, salienta o Negócios, um terço é pago pelo fundo de pensões do banco. O restante corresponde a uma apólice de seguro, convertida num contrato de rendas vitalícias.
Jardim Gonçalves foi o único antigo administrador do BCP que, em 2010, recusou a proposta de Carlos Santos Ferreira, então presidente do banco, para ajustar as pensões aos limites previstos no Código das Sociedades Comerciais.
Os restantes ex-gestores, como Filipe Pinhal e Christopher de Beck, chegaram a um acordo com o banco para alinhar as suas reformas aos salários dos administradores em funções – que permitiu ao banco, em 2011, poupanças de 44,2 milhões de euros com reformas.
Em janeiro de 2017, o BCP pagou os 700 milhões de euros que faltavam do empréstimo concedido pelo estado em 2012 – os chamados “CoCos”. Os administradores do banco, que no período em que o banco beneficiou de ajuda estatal tiveram os seus vencimentos reduzidos entre os 3% e os 11%, voltaram a ter salário completo em julho do mesmo ano.
Fonte: ZAP