Patrick Hamilton / G20 Australia
As cerca de três horas que Barack Obama passa hoje no Porto, para participar numa conferência sobre alterações climáticas, são uma verdadeira dor de cabeça para as autoridades nacionais, por questões de segurança. E o “risco” da visita é tão elevado que os Serviços Secretos norte-americanos foram excepcionalmente autorizados a usar armas.
O ex-Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai intervir na Climate Change Leadership Porto Summit 2018, uma conferência sobre alterações climáticas, perante um grupo de 2200 convidados seleccionados.
Obama vai discursar e responder a perguntas dentro do Coliseu do Porto, mas não prestará declarações à comunicação social, recebendo meio milhão de euros pela participação no evento.
Será uma visita relâmpago de apenas cerca de três horas, com a chegada do ex-chefe de Estado a estar prevista para as 13 horas e a partida do Porto para as 16 horas.
Pelo meio, Obama “poderá limpar a voz com um bom cálice de vinho do Porto“, como diz ao Expresso Adrian Bridge, o presidente executivo do grupo The Fladegate Partnership, a entidade que organiza a conferência. E vai também tirar fotografias com cem convidados seleccionados do público.
O ex-Presidente norte-americano nem sequer quis pernoitar no Porto, tendo preferido “dormir em Madrid, onde participa no mesmo dia numa cimeira sobre economia circular”.
O semanário refere que a equipa de Obama “ainda visitou o multipremiado Yeatman”, em Vila Nova de Gaia, “para escolher quartos e prolongar a jornada no Porto”, mas a preferência acabou por recair sobre a capital espanhola.
Dispositivo de segurança reforçado
Mesmo assim, as autoridades portuguesas estão obrigadas a implementar um reforçado dispositivo de segurança que conta com vigilância aérea de drones, agentes especiais de grupos de elite da PSP, alguns dos quais disfarçados de cidadãos comuns, e equipas apetrechadas com pistolas-metralhadoras, escreve o Diário de Notícias.
Haverá ainda um controle apertado da unidade de detecção de explosivos e o auxílio dos Serviços Secretos dos EUA, que acompanham Obama por se tratar de um antigo Presidente do país. Os EUA suportam também, desta forma, parte dos custos de segurança envolvidos na operação.
Os agentes dos Serviços Secretos norte-americanos têm “autorização especial para usar armas”, nota o DN, lembrando que esse direito, em território nacional, é exclusivo das forças de segurança portuguesas.
A “PSP destacou tudo o que tem de melhor, de equipas de elite a equipamento” para cerca de “150 minutos classificados de alto risco“, reforça aquele diário.
O Observador acrescenta ainda que os convidados da conferência estão “proibidos de sair do edifício”, “para além de serem revistados à entrada, de terem de atravessar um dos três pórticos de detecção de metais e de não poderem trazer consigo mochilas, máquinas fotográficas, portáteis ou garrafas”.
A visita de Obama vai ainda provocar constrangimentos de trânsito, com as Ruas Passos Manuel e Formosa cortadas à circulação durante parte do dia. Na rua do Coliseu, a Passos Manuel, até os peões serão impedidos de passar durante a realização da conferência.
“Não foi fácil” trazer Obama ao Porto
Barack Obama só tem seis presenças confirmadas em conferências mundiais para este ano de 2018, e o evento de hoje no Porto tem o privilégio de estar entre elas.
O organizador da Climate Change Leadership Porto Summit 2018, Adrian Bridge, admite ao Observador que “não foi fácil” trazer Obama à Invicta.
“O Presidente Obama recebe cerca de 30 convites diariamente para falar. As pessoas oferecem-lhe fortunas. E ele não costuma fazer isto, não é um grande orador, não é um Presidente como Bill Clinton, por exemplo. Ele está mais focado a escrever os seus livros”, repara.
“Mas há algumas coisas que ele acha que são muito importantes e decide apoiar. Uma delas são as alterações climáticas; a outra são as questões de liderança. E a nossa iniciativa usa os dois”, acrescenta o organizador da conferência no Porto.
Fonte: ZAP