Não são as formas do corpo da mulher
Que enaltecem o seu caracter.
Não é corpo da Afrodite, a Deusa,
Que exalta a sua beleza.
Não é o seu corpo sensual
Que realça o seu sorriso de desejo casual.
Não é no corpo da mulher, onde se vê o seu ser,
É nos olhos, sim, na expressão do seu olhar.
É naquele olhar de mulher,
Onde se encontra a pureza do seu encanto,
Onde alegria da procura solta em nós, o querer permanente.
É neles, nos olhos de olhar profundo
Que o quanto de verdadeiro explode do seu fundo,
É onde se sente a razão do coração,
E a loucura que nos preenche de paixão.
São eles os olhos, e nunca o corpo da mulher.
É em cada olhar por nós descoberto
Que nos aproxima o verdadeiro sentir,
Que atiça o desejo de ao corpo da mulher não resistir.
E cada olhar que nossos olhos olham
E nesses olhos a tristeza abunda,
Em nós fica presa a caricia que no corpo se afunda.
E por cada olhar da mulher,
Palavras silenciosas os olhos falam
Da necessidade de chegar dentro dos seus pensamentos.
Apenas eles, os olhos, não o corpo da mulher
Nos seduzem para o amor verdadeiro,
Nos fazem perder o todo de nós,
Nos queimam na noite de sono imperfeito
As palavras ditas sem encontrar a voz.
São eles, os olhos
Quando acordam na aurora matinal
Trazem escondidos alegria de despertar.
Escondem a luz do pensamento
Perdido no corpo de um febril olhar
O desejo de agarrar aquele momento.
Os olhos, não o corpo da mulher
São a silenciosa melodia
Que embala a loucura ainda não sentida,
Insegura está quase adormecida
No horizonte do tempo onde olhar tem a sua guarida.
E só os olhos, insistentemente,
É que procuram quem querem ver,
Quando o olhar nos faz desejar
Quem na mente jamais queremos esquecer.
São os olhos, não o corpo da mulher
Que depois de se olhar
Nos deixam sem forças para o sentimento negar.
Paulo Semide