O dia 7 de setembro de 2022 marca o bicentenário da independência do Brasil e, para comemorar esta data, diversas iniciativas culturais acontecem ao longo do ano. As atividades são realizadas em várias cidades do Brasil e em Portugal, que é o país convidado por autoridades brasileiras para promover a ocasião.
O intuito das iniciativas é recordar o processo histórico que conduziu à independência brasileira e destacar o relacionamento entre os dois países ao longo desses 200 anos, buscando formas de fazê-lo perdurar. Os eventos celebram não só o bicentenário da independência, como o centenário da travessia aérea do Atlântico Sul pelos aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral e o centenário do nascimento do escritor José Saramago.
Veja, abaixo, a programação:
Ópera – O doido e a morte
12 de agosto às 19h na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro
Solistas e Toy Ensemble apresentam a ópera de Alexandre Delgado, baseada na peça homônima do escritor português Raul Brandão, “O doido e a morte”. A apresentação inclui uma segunda obra musical de Alexandre Delgado e outra de Heitor VillaLobos.
FESTLIP 2022
Outubro e novembro, no Rio de janeiro
Na edição de 2022 do Festival Internacional das Artes da Língua Portuguesa (FESTLIP), estarão presentes enfoques à herança cultural portuguesa em um programa multidisciplinar de teatro, música, literatura e debates.
Exposição – A Universidade de Coimbra e o bicentenário da independência
A partir de 7 de setembro na Universidade de Coimbra
A exposição conta com registros da imprensa oitocentista e documentos como a matrícula do primeiro aluno “natural do Brasil” na Faculdade de Leis, em 1579. A mostra, que reúne registros bibliográficos e documentais pré e pós-coloniais da relação centenária entre a Universidade de Coimbra e o Brasil, foi recebida pela cidade de Recife de março a maio deste ano, e parte para Coimbra em setembro.
A iniciativa é da Universidade de Coimbra em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco, a Associação Portuguesa de Imprensa e a Associação da Imprensa de Pernambuco, com o apoio da Embaixada de Portugal no Brasil e do Instituto Camões.
Exposição sobre o Bicentenário da Independência do Brasil
1º a 30 de setembro no Palácio das Necessidades, em Lisboa
No local em que funciona atualmente o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, é organizada pelo Instituto Diplomático esta exposição que apresenta documentação relativa à independência do Brasil e sua relação com Portugal.
Publicação – D. Pedro II e Portugal
1º de janeiro a 13 de setembro
A publicação do Museu Imperial, com a participação de pesquisadores brasileiros e portugueses, busca analisar e divulgar os elos que ligavam D. Pedro II a Portugal, a partir de manuscritos e outros itens do acervo do museu localizado em Petrópolis. Parte da documentação que servirá de fonte primária integra o conjunto “Documentos relativos às viagens de D. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo” (Programa Memória do Mundo Internacional UNESCO, 2013).
História em quadrinhos – Pedro e o Imperador
Setembro, em Brasília; outubro, em Amadora
O volume “Pedro e o Imperador” é o primeiro produto do projeto “Brasil em Quadrinhos”, desenvolvido pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil em 2019 para promover no exterior a criação brasileira no campo das novelas gráficas.
Projeto 200 anos, 200 livros
7 de setembro
No âmbito do projeto multidisciplinar 200 anos, 200 livros, são produzidos o podcast “200 livros, 200 histórias” e o documentário “200 livros, quantas mulheres?”. O projeto 200 anos, 200 livros é uma iniciativa da Folha de S. Paulo, da Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA) e do Projeto República, núcleo de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A partir da sugestão de intelectuais, a iniciativa chegou a uma lista de 200 obras literárias para entender o Brasil.
O podcast terá 200 episódios que convidam à leitura de cada um dos livros, com 200 trilhas sonoras originais. As análises serão narradas por vozes conhecidas da língua portuguesa e acompanhadas pela música que o maestro Pedro Teixeira da Silva Campos especialmente para o efeito.
Já o documentário provoca uma reflexão sobre o papel da mulher na literatura e na sociedade brasileiras. Produzida em 4K, a obra aborda as mulheres curadoras e as mulheres escritoras.
Outras iniciativas
Tendo Portugal como convidado de honra do evento, a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que decorreu em julho, entrou para as celebrações com um pavilhão de extensa programação literária, cultural, turística e de negócios organizada para promover a imagem de Portugal e suas relações com o Brasil.
Entre o mês de janeiro e julho, os eventos se estenderam por diversas cidades do país, chegando a ultrapassar fronteiras.
Composta por oito veleiros, a Expedição Lusitânia partiu de Lisboa no dia 3 de abril e chegou ao Rio de Janeiro em meados de junho, após passar pelas Ilhas Canárias, na Espanha, por Cabo Verde, e por Fernando de Noronha e Recife, no Brasil. O objetivo foi reproduzir da forma mais fiel possível o trajeto empreendido no ano de 1922 por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, quando realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. No âmbito da chegada da expedição ao Brasil, foi realizado também o espetáculo de fado Kátia Guerreiro, em julho deste ano.
“A Música da Independência”, espetáculo realizado no Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro e na Embaixada do Brasil em Paris, incluiu obras de D. Pedro e dos principais compositores do período editadas no âmbito do projeto Acervo Digital de Partituras Brasileiras.
De maio a julho, São Paulo recebeu a exposição “Sankofa – A África que te Habita”, que apresentou a expedição do fotógrafo Cesar Fraga por nove países de África – Angola, Benim, Cabo Verde, Gana, Guiné-Bissau, Moçambique, Nigéria, Senegal e Togo –, percorrendo cidades protagonistas do tráfico de escravos para o Brasil.
“Vinhos de Portugal”, em junho, contou com a presença de produtores de vinho e dos melhores enólogos portugueses no Rio de Janeiro. O objetivo foi divulgar os vinhos nacionais junto de peritos, influenciadores, artistas, personalidades de diversas áreas, autoridades brasileiras e a comunidade luso-portuguesa.
No mesmo mês, em Lisboa, a conferência “Brasil-Portugal: perspetivas de futuro” dedicou-se às relações atuais e à sua importância para o futuro dos dois países que partilham a mesma língua e fortes laços históricos e culturais.
As demais iniciativas incluíram a instalação de um Galo de Barcelos em Salvador e o lançamento da publicação do Museu Nacional, “História do Museu – Passado, Presente, Futuro”.
Por ocasião da data, ainda foram organizadas outras publicações. É o caso do livro “As Singularidades da Independência do Brasil”, que reúne ensaios inéditos de quatro autores brasileiros e três portugueses. A obra foi editada pela Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), em coedição com a Coordenação das Comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.
Além disso, o “Dicionário de História da Independência do Brasil: conceitos, temas e protagonistas”, organizado por Cecília Helena Oliveira e João Paulo Pimenta e promovida pela Biblioteca Mindlin (BBM) da USP, incluirá 773 verbetes produzidos por 272 autores – maioritariamente brasileiros, com alguma participação portuguesa. O documento abordará temas políticos, sociais e culturais desde a América portuguesa até a estrutura do estado brasileiro.
O documentário “O Triunfo do Saber” também faz parte das iniciativas que celebram a data. A obra de 60 minutos aborda a travessia do Atlântico Sul (TAAS) num hidroavião, realizada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, em celebração aos 100 anos da Independência do Brasil. O documentário é da Produtora Mandala, Produções e Comunicação e conta com o apoio da RTP1 e RTP Internacional.
Ígor Lopes, com Beatriz Hermínio