O nome de Francisco Trincão voltou a ganhar força nos bastidores do futebol europeu. O extremo português tem sido determinante no Sporting CP durante a época 2024/2025 e, com a possibilidade de Rúben Amorim assumir o comando técnico do Manchester United, a transferência do jogador para Old Trafford ganha contornos estratégicos.
Quem o diz é Fábio Gomes, analista de performance desportiva e especialista em neurodesempenho de futebolistas. Com uma abordagem que une dados objectivos a princípios da neurociência aplicada ao alto rendimento, Gomes traça o perfil de Trincão e analisa o impacto potencial da sua chegada à Premier League sob a liderança de Amorim.
Trincão em alta no Sporting
Trincão soma, até ao momento, 9 golos e 13 assistências em 43 jogos pelos leões nesta temporada. Com uma taxa de participação directa em golos de 21,57%, 64 passes chave e uma eficácia de 73% nas acções criativas e de resolução, o jogador tem sido uma das figuras da equipa.
A sua influência estendeu-se à selecção nacional, onde foi decisivo ao marcar dois golos na vitória frente à Dinamarca (5-2), que garantiu a presença de Portugal na Final Four da UEFA Nations League.
Amorim conhece o seu potencial
Com o futuro de Rúben Amorim a ser cada vez mais associado ao Manchester United, Trincão surge como um nome natural na lista de potenciais reforços. O treinador conhece bem as características do jogador e poderia integrá-lo num sistema híbrido, entre extremo e médio ofensivo, função onde Trincão mais rende.
“A versatilidade táctica de Trincão encaixa no modelo flexível de Amorim, o que permitiria uma adaptação rápida aos diferentes contextos e exigências da Premier League”, observa Fábio Gomes.
Segundo o especialista, o conhecimento mútuo entre treinador e jogador é uma vantagem importante:
“Trincão já compreende as exigências de Amorim. Isso reduz o tempo de assimilação táctica e aumenta a probabilidade de rendimento imediato.”
A ciência do rendimento: neurociência como trunfo
Mais do que o talento técnico, é na componente mental e cognitiva que Trincão pode encontrar um diferencial competitivo no futebol inglês. A neurociência oferece pistas concretas sobre como um jogador pode adaptar-se a ambientes de alta exigência.
“Na Premier League, a velocidade de decisão e a intensidade cognitiva são cruciais”, explica Fábio Gomes.
“Trabalhos com percepção, atenção e memória operacional aceleram o tempo de resposta em campo. A neuroplasticidade — a capacidade de adaptação cerebral — é fundamental para que o jogador assimile rapidamente novas dinâmicas tácticas.”
Além disso, destaca-se a metacognição, a capacidade de pensar sobre as próprias decisões, e a flexibilidade cognitiva, que permite ajustar comportamentos durante situações de jogo imprevisíveis.
A importância da autorregulação emocional
A pressão constante nos palcos ingleses exige mais do que habilidade com a bola.
“A autorregulação emocional é determinante para manter o foco e gerir o stress competitivo. Técnicas específicas da neurociência ajudam o atleta a manter-se equilibrado mesmo nos momentos mais exigentes. Trincão tem perfil para beneficiar desse tipo de preparação, o que pode optimizar o seu rendimento no United.”
Quem é Fábio Gomes?
Licenciado em Educação Física e Desporto pelo Instituto Jean Piaget de Almada, Fábio Gomes é ex-jogador de futebol, técnico com mais de uma década de experiência, e actualmente integra a equipa multidisciplinar do CPAH – Centro de Pesquisa e Análises Heráclito. É especializado em neurociências aplicadas ao desempenho de atletas de elite e trabalha com jogadores de clubes nacionais e internacionais.