Se o mundo parasse,
Eu deixaria de perder.
Vive dentro de mim a intuição
Que todos os dias perco alguma coisa.
Pergunto-me, porquê?
Mas, não encontro a mais abstrata resposta.
Sempre que olho o espelho, tento,
Ver no meu desinquieto reflexo, um olhar,
Olhar que já não vê o que sempre viu, talvez,
Um sofrido pedido de clemência.
Pergunto-me, porquê?
Mas, não encontro a resposta, à verdade.
Apetece-me chorar, mas…
Os meus infelizes e ofuscados olhos
São uma nascente sem água,
São um vento sem sopro,
São uma verdade mentirosa.
Pergunto-me, porquê?
Não encontro a resposta necessária,
E assim…
Dominado pelo breu do meu parecer
Amovo de mim a liberdade de poder voar.
Entrelaçado no pecado primitivo,
Consinto a consciência de não perdoar.
Pergunto-me, porquê?
Não encontro a resposta.
Será que ela existe?
Será digno pensar nela?
Ou simplesmente,
Será a dúvida a minha certeza?
Não creio…
Somente aceito a penosa encruzilhada.
Mas, pergunto-me porquê?
E continuo sem encontrar a resposta.
A pergunta leva-me a procurar
Sempre que caminho por um novo trilho,
Sempre em cada pedra uma nova palavra.
Lamento…
A dor que que em mim se entranha,
Na mente desfeita pela desesperada resposta.
Suspiro,
Agastado por cada subida sem fim,
Sem me dar a resposta que não sei para mim.
Pergunto-me, porquê?
Sem encontrar a sensata resposta
Inalo o pó da terra seca, alimento,
Do meu estranho e indeterminado juízo.
Sem resposta,
Respiro o ar impuro da leviandade
Das ideias sem acção que me martirizam.
E então, pergunto-me, porquê?
Porque não encontro uma simples resposta.
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