No seu espaço de comentário habitual no “Jornal da Noite” de domingo na SIC, Luís Marques Mendes considerou “gravíssimo” o “pacto de silêncio entre os partidos” portugueses sobre o caso Manuel Pinho.
Embora fazendo uma relativa ressalva para o comportamento do PSD, que já chamou Manuel Pinho ao Parlamento, o comentador fala de um silêncio “gravíssimo” por se tratar de “uma situação que nunca aconteceu em 44 anos de democracia: um ministro que era avençado de um grupo económico privado”.
Marques Mendes começou por achar “muito grave o comportamento de Bloco de Esquerda e do PCP”, partidos que considera estarem “atados de pés e mãos”. Se se tratasse de “um ministro de Passos Coelho”, para o BE e o PCP já tinha “caído o Carmo e a Trindade”, afirmou o ex-líder do PSD. Já o CDS, prosseguiu Marques Mendes, “tem dificuldades em lidar com estas situações”.
Em relação ao PS, “o caso é mais grave”, salientou Marques Mendes, pois entre os seus dirigentes “praticamente ninguém abriu a boca”. O comentador da SIC destacou em todo o caso, mas pela negativa, o mandatário de António Costa ao próximo congresso do PS, Alberto Arons de Carvalho, por este ter dito, numa alusão a José Sócrates, que “não há problema nenhum em viver-se com dinheiro dos outros“.
“Estamos a falar de política e de ética. E a ética não é a lei”, sublinhou Marques Mendes, rematando ser “inaceitável o comportamento do PS”.
Manuel Pinho vai ao Parlamento. Mas só depois de ser interrogado pelo Ministério Público
PSD e PS pediram que o ex-ministro da Economia fosse ouvido no Parlamento, na sequência das suspeitas de que é alvo de ter recebido dinheiro do grupo Espírito Santo. Pinho já anunciou que aceitar prestar “todos os esclarecimentos”, mas só depois de ser interrogado pela Justiça.
Rui Rio considera que face às suspeitas de ter recebido dinheiro do grupo Espírito Santo, o ex-ministro da Economia do governo de José Sócrates mantém “um silêncio que pesa”, e por isso está na hora de dar “explicações políticas” ao país.
O presidente do PSD, Rui Rio, chamou este domingo o antigo ministro socialista Manuel Pinho ao Parlamento, para este esclarecer as alegadas suspeitas que lhe têm sido imputadas em diversas notícias.
“O PSD tomou a iniciativa de chamar o ex-ministro Manuel Pinho ao Parlamento no sentido de ele poder dar, do ponto de vista político, as explicações que ache que deve dar ao país”, declarou o líder social-democrata.
“Há depois um outro paralelo, que é o paralelo jurídico, que não tem rigorosamente nada a ver com isto, mas acho que mesmo do ponto de vista político há explicações a dar, porque a democracia portuguesa não pode continuar com estes sucessivos casos de suspeitas corrupção e de compadrio”, afirmou o líder nacional do PSD.
“Aquilo que me preocupa neste momento é que em Portugal temos ouvido uma série de notícias sobre corrupção e sobre compadrio na política e que isto não é compaginável, naturalmente, com uma democracia saudável”, acrescentou.
“É verdade ou não é verdade que ele, enquanto ministro, recebia um salário paralelo de 15 mil euros por mês, que é muito dinheiro, do grupo Espírito Santo? Isto é um facto que Manuel Pinho poderá estar ou não em condições de desmentir”, declarou.
O PS é favorável à audição “o mais depressa possível”, no parlamento, do ex-ministro da Economia Manuel Pinho sobre o “caso insólito” de alegados pagamentos, pelo GES.
Numa declaração enviada à Lusa, Carlos César afirmou que os socialistas estão “evidentemente interessados em conhecer o que o antigo ministro Pinho tem a dizer sobre todo este caso insólito”.
Para o líder da bancada socialista, é necessário “escrutinar todas as decisões que pessoalmente tomou enquanto governante e que se possam relacionar com a situação que lhe é imputada e que ainda não desmentiu“. “Há toda a vantagem em que essa audição seja feita o mais depressa possível”, de acordo com a declaração de Carlos César.
Fonte: ZAP