Portugal é o país onde o prémio salarial dos trabalhadores com formação superior mais diminuiu. Está também entre os países onde a probabilidade de um jovem com curso universitário ter um baixo rendimento mais aumentou.
O estudo realizado pela OCDE, “Employment Outlook 2019”, analisou o mercado laboral entre 2007 e 2016. O relatório conclui que o prémio salarial dos trabalhadores com educação superior decresceu 22,8 pontos percentuais. Em Portugal, a vantagem salarial de ter formação superior está cada vez mais reduzida.
No relatório da OCDE é destacado que “apesar de os trabalhadores com educação superior reterem uma vantagem nos ganhos por toda a OCDE, ao longo da última década o prémio salarial da educação caiu em diversos países“. Juntamente com Portugal, outros 21 países também registaram uma queda neste prémio.
Em apenas seis desses países, a queda foi superior a dez pontos percentuais. De acordo com o Expresso, o estudo analisou a evolução do prémio salarial dos trabalhadores com formação superior, comparativamente aos trabalhos que apenas têm o ensino secundário.
Uma das razões desta drástica queda é o facto de, em Portugal, muitos recém-licenciados estarem a trabalhar em profissões fora da sua área e que não pagam salários elevados. Além disso, segundo a OCDE, “o principal fator da queda foi, na realidade, o fraco desempenho dos salários nas profissões muito qualificadas, que ainda empregam uma grande parcela do grupo dos trabalhadores com elevados níveis educacionais”.
Importância das decisões dos Governos
Apesar de negar cenários catastróficos para o futuro do mercado de trabalho, a OCDE faz algumas recomendações aos Governos, admitindo que devem ter em conta “alguns riscos reais”. Estes riscos são derivados da influência das novas tecnologias, da falta de capacidade de reivindicação dos trabalhadores e do envelhecimento da força laboral.
“As oportunidades que a digitalização, a globalização e o aumento da esperança média de vida vão trazer podem ser aproveitados, e os riscos mitigados”, defende a OCDE. A organização destaca ainda a importância das decisões políticas dos países no futuro do mercado de trabalho.
O relatório do “Employment Outlook 2019” realça ainda que 14% dos empregos atuais correm o risco de serem automatizados no futuro. Já um estudo realizado, este mês, pela Confederação Empresarial Portuguesa (CIP) e pela Nova SBE mostrava as consequências da automação nas várias regiões do país e quais os setores de trabalho mais afetados.
Além disso, em cerca de 33% dos atuais empregos, “as tarefas executadas e a forma como são feitas podem alterar-se substancialmente“. O Jornal Económico explica que isto pode verificar-se fundamentalmente nos empregos ligados à indústria.
Fonte: ZAP